Com o lema «Um outro mundo é possível», a edição de 2021 do Fórum Social Mundial (FSM), nascido em 2001 em Porto Alegre, no Brasil, por oposição ao neoliberalismo excludente e anti-social, representado pelo Fórum Económico Mundial, está a ser transmitida nos canais online da organização, nomeadamente no Youtube e no Facebook.
Democracia, justiça social e económica, direitos humanos, educação, comunicação, cultura, meio ambiente, desarmamento, guerra, paz, racismo e Covid-19 são alguns dos temas que serão abordados ao longo das várias iniciativas, até ao próximo dia 31 de Janeiro.
No dia 26, o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) e a Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM) promovem um debate sobre a luta das mulheres e do povo saharaui pela independência, a guerra contra o ocupante e a solidariedade.
Segundo a organização, por se realizar de forma virtual e considerar os diferentes fusos horários para realizar painéis de audiência global, este será o fórum mais longo dos últimos 20 anos. Entre os participantes contam-se nomes como o da professora Leila Khaled, da Frente Popular para a Libertação da Palestina, da escritora malinesa, Aminata Traoré, e da activista norte-americana, Angela Davis.
Para a socióloga Gina Vargas, que participa no FSM desde a sua criação, e que, em 1978, foi uma das fundadoras de uma organização não governamental peruana com vista a impulsionar os direitos das mulheres, uma das dimensões fundamentais do FSM debruça-se sobre uma economia transformadora, oposta a uma economia baseada no mercado e na «ganância capitalista».
«Nestes 20 anos temos desenvolvido as nossas lutas conectadas com os nossos territórios, em sua enorme diversidade, com mulheres indígenas, com mulheres de origem africana, e com diferentes outros movimentos. Onde justamente o importante é ver como disputamos outra forma de olhar as mudanças, onde as vozes da diferença estejam presentes», refere Gina Vargas, citada pelo Brasil de Fato.
A activista destacou a violência sofrida pelas mulheres, em especial durante a pandemia, e a violação de meninas e adolescentes, salientando que é sobre estas que recaem entre 60 a 70% das violações na América do Sul.
«Há lutas que temos que levantar com muitíssima força, como fizeram as argentinas recentemente, pelo direito de decidir sobre o próprio corpo. Há uma massificação das lutas dos jovens, das mulheres, dos indígenas», frisou.
Para a secretária-geral do Conselho de Educação Popular de América Latina e Caribe (CEAAL), a mexicana Rosy Zúñiga, um dos principais desafios é conseguir que o FSM não seja apenas um evento.
«Precisamos pensar como levaremos para os nossos debates toda essa questão de como combatemos o racismo, como fazemos frente às pandemias, como faremos para que esse fórum seja um fórum vivo, um fórum dos movimentos, um fórum para a acção e para a transformação, e sobretudo como construímos um novo sistema económico, um novo sistema de vida, combinando com a natureza e a sociedade», referiu ao online.
Rosy Zúñig alerta ainda para as mortes e perseguições de defensores dos direitos humanos no México, Colômbia, Paraguai e Brasil, e denuncia que a pandemia está a revelar «a grande injustiça que existe no mundo», em que milhões de pessoas não têm casa nem comida.
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