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Estivadores marroquinos dizem «não» a navio com equipamento militar para Israel

Cerca de 1500 manifestantes vieram para as ruas de Tânger em protesto contra a presença de um navio da Nexoe Maersk na cidade portuária, com peças dos EUA para os aviões de guerra F-35 israelitas.

Marroquinos manifestam-se em Tânger, a 20 de Abril de 2025, contra a presença de um navio com equipamento militar para Israel Créditos / PressTV

Em comunicados diferentes, estivadores e organizações de apoio à Palestina alertaram que o navio da Maersk devia atracar em Tânger, e nas ruas da cidade, ao longo do terminal de contentores, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra a presença do navio e de «armas genocidas em águas marroquinas», indicam o Peoples Dispatch e a PressTV.

O protesto deste domingo segue-se ao que teve lugar na semana passada no porto de Casablanca, onde o mesmo navio foi obrigado a permanecer 39 horas, depois de um apelo dos estivadores ao boicote, que se seguiu a informações de que o navio da Nexoe Maersk carregava equipamento militar para Israel.

O Sindicato dos Estivadores, filiado no Sindicato Marroquino do Trabalho (UMT, na sigla em francês), pediu aos trabalhadores no porto de Casablanca que se recusassem a descarregar ou a realizar quaisquer outras operações de serviço depois de o navio atracar, no passado dia 18.

Num contexto de revolta crescente no país norte-africano contra as ofensivas israelitas em Gaza e na Cisjordânia, e de indignação pela normalização das relações diplomáticas entre Marrocos e Israel, apadrinhada pelos EUA, a estrutura sindical afirmou, em comunicado, que facilitar a passagem do navio tornaria as pessoas envolvidas «em cúmplices directos da guerra de genocídio contra o povo palestiniano».

A empresa dinamarquesa disse que não transportava armas ou munições para zonas de conflito. No entanto, já chegou a reconhecer que, devido a um contrato com o governo norte-americano, no passado enviou carregamentos com «equipamento militar», derivado da «cooperação de segurança entre os EUA e Israel», refere a PressTV.

Tirar a máscara à Maersk

Pelo mundo fora, as organizações solidárias com a Palestina fizeram um apelo ao boicote contra o gigante dinamarquês, acusando-o de transportar armas e equipamento militar que as forças de ocupação utilizam na ofensiva contra a Faixa de Gaza.

Foi neste contexto que o Movimento Juvenil Palestiniano lançou a campanha Mask off Maersk (Máscara fora da Maersk). Em comunicado, os responsáveis da campanha afirmam que «estas duas paragens em Marrocos são apenas duas de muitas que a Nexoe Maersk está a fazer a caminho da Base Aérea de Nevatim, em Haifa, onde irá entregar peças para os aviões F-35 utilizados para massacrar o povo de Gaza».

«Em cada paragem que a Nexoe Maersk faz, tem havido protestos pelo mundo fora, provocando atrasos na chegada do equipamento a Israel», acrescenta.

De acordo com a informação publicada no portal Declassified UK, há dois navios da Maersk a transportar material de uma base no Texas (EUA) para Israel, «entre 5 de Abril e 1 de Maio».

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