Numa atmosfera única é possível ver vestígios de todos os povos que viveram na colina, aos pés da qual se ergue a cidade e aí deixaram a sua marca.
Situada junto ao rio Sado, a extensa elevação sobre a qual foi construído o castelo de Alcácer do Sal ofereceu, desde o final da Idade do Bronze 1, uma localização geoestratégica e um excelente porto oceânico, que constituiu uma via de penetração privilegiada para os comerciantes oriundos do Mediterrâneo e um dos factores essenciais para a sua prosperidade.
O povoado, que ocupava uma ampla elevação dominante sobre o rio Callipus (Sado), de fácil navegação marítima, foi um dos mais importantes povoados pré-romanos do litoral Atlântico desde o século VII a.C.
Floresceu graças à presença de um curso de água navegável até ao Atlântico, um dos factores mais importantes em todo o processo de prosperidade e desenvolvimento das comunidades humanas que aí se foram instalando 2.
Os contactos comerciais permanentes com as gentes do Mediterrâneo Oriental (Fenícios, Gregos e Cartagineses) criaram valores de uma cultura exterior de feição oriental, como seja a tecnologia da construção, o ritual e a forma de enterramento, os tipos cerâmicos e técnicas de olaria. Os achados efectuados durante as várias intervenções arqueológicas, tanto no castelo de Alcácer do Sal como na zona ribeirinha junto ao rio Sado, reflectem essas influências.
Situada sob o convento de Aracaelli, agora transformado em Pousada de Portugal, a Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer do Sal possui uma exposição de peças arqueológicas representativas de várias épocas cronológicas, com uma ocupação humana do século VII a.C. ao século XIX.
Na área escavada foram identificados muros medievais da época cristã pós-reconquista, que convivem com estruturas da época romana, e que muitas vezes se sobrepõem com estruturas pré-existentes mais antigas, datadas da Idade do Ferro.
Na verdade, quem visita a Cripta Arqueológica pode admirar, no mesmo espaço, achados com mais de 2500 anos.
Destaca-se neste conjunto de estruturas um edifício que seria um pequeno templo/santuário, com ocupação da Idade do Ferro e Época Romana (séc. VII a.C./ IV a.C. e séc. II d.C.).
Foi identificado numa das cellae um altar com lucernas e pratos em cerâmica comum e um pequeno tanque onde foi encontrada uma tabela defixionis, com uma mensagem escrita em caracteres cursivos em latim num suporte de chumbo.
Da área circundante ao santuário proveio um pequeno talismã representando o olho do deus egípcio Horus e, na face oposta, a figura de um animal, assim como estatuetas de bronze (que representam guerreiros, orantes e animais domésticos) e figuras de terracota ostentando o típico barrete frígio, comprovando as influências orientais.
A Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer do Sal, assume-se, assim, como um ponto incontornável de visita, um testemunho vivo da história desta cidade.
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