O objectivo final deste novo processo é de quadruplicar o número de colonos israelitas estabelecidos na região, atingindo a nova marca de 100 mil habitantes, afirmou Naftali Bennet em declarações à margem de uma conferência dinamizada pelo órgão de comunicação social Makor Rishon, a decorrer nos Montes Golã.
Nos mais de 30 colonatos construídos por Israel habitam, actualmente, cerca de 27 mil israelistas, em número igual, ou superior, ao da comunidade árabe síria, nativa, que se manteve na região após a ocupação militar da zona, em 1967.
O primeiro-ministro israelita anunciou este domingo o início do processo para criar um novo colonato judaico com o nome do Presidente dos EUA no território sírio ilegalmente ocupado dos Montes Golã. «Prometi que iríamos estabelecer uma comunidade com o nome e em honra do Presidente [Donald] Trump. Quero informar que já seleccionamos um lugar nas colinas dos [Montes] Golã, no qual será estabelecida esta nova comunidade e já iniciámos o processo», afirmou Benjamin Netanyahu à imprensa pela manhã, antes da reunião semanal com o seu gabinete. «Enviarei uma decisão para aprovação oficial pelo novo Governo, assim que este seja formado», disse Netanyahu, citado pela agência de notícias espanhola EFE. A atribuição do nome de Donald Trump ao colonato nos Montes Golã foi justificada como sendo um sinal de apreço pela sua decisão de reconhecer a soberania de Israel sobre o território ocupado. O primeiro-ministro assinalou ainda que Israel comemorará esta semana o primeiro aniversário da abertura da embaixada dos EUA em Jerusalém, que será concluída em breve com a transferência da residência oficial do embaixador, David Friedman, mostrando novamente a sua gratidão para com Donald Trump «por esta decisão histórica». Os Montes Golã sírios foram ocupados na quase totalidade e anexados por Israel em 1967, juntamente com o território da Palestina, na sequência da Guerra dos Seis Dias, desencadeada pelo Estado sionista, numa anexação que nunca foi reconhecida pela comunidade internacional. A 21 de Março de 2019, o presidente dos EUA anunciou pelo Twitter que chegou a hora de reconhecer a soberania de Israel sobre os Montes Golã, realçando que, «após 52 anos, é importante que os Estados Unidos reconheçam, em pleno, o controlo» sobre uma área definida como «de crucial importância estratégica e de segurança para Israel». À altura, a decisão de Donald Trump, contrária ao consenso internacional, e as suas declarações foram amplamente criticadas pela ONU, Síria e a restante comunidade internacional, que as classificaram como «irresponsáveis», num acto sem qualquer legitimidade ou efeito legal e que apenas inflamou ainda mais as tensões na região. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Israel inicia processo para criação de colonato com nome de Donald Trump
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Os Montes Golã foram invadidos nesse período, tendo sido, mais tarde, anexados por Israel (1981), num processo rejeitado, e considerado ilegal, pela comunidade internacional. Os EUA, no mandato de Donald Trump, tornaram-se no primeiro país a reconhecer a legitimidade da anexação militar dessa zona, compromisso reafirmado pelo governo democrata de Joe Biden.
A justificação para este significativo reforço da população está numa suposta ameaça do Irão, «que estará a tentar estabelecer um exército na fronteira com a Síria». Por enquanto, não há sinal da existência desta famigerada tropa beligerante, aparentando não ser mais do que uma cortina de fumo para Israel reforçar a sua ocupação militar ilegal daquele local.
Este anúncio surge poucos dias depois de um ataque, perpetrado por Israel, via bombardeamento, a uma base aérea síria, em que morreram duas pessoas e várias ficaram feridas. Desde 2011, as forças militares Israelitas atacaram, com mísseis, centenas de alvos na Síria, assassinando milhares de pessoas e destruíndo vários importantes equipamentos do país.
A ONU voltou, em Dezembro de 2020, a reconhecer a soberania da Síria sobre a totalidade dos Montes Golã, com apenas nove votos contra de países como Israel, Estados Unidos da América, Reino Unido, Micronésia, Palau e Ilhas Marshall.
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