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Redescobrir Mário Sacramento no Museu do Neo-Realismo

Este sábado, às 16h, é inaugurada em Vila Franca de Xira a exposição «Voltar – Mário Sacramento: a hora do ensaio», que «sonda tumultuosas profundidades» e «recupera a voz» do ensaísta.

Créditos / cm-vfxira.pt

Com curadoria de António Pedro Pita e Odete Belo, a exposição «propõe a (re)descoberta de um pensamento teórico e prático, importante no período cronológico em que se desenvolveu e muito relevante para entender as aspirações e os problemas, as tensões e as possibilidades, os obstáculos e os impasses que marcaram o século XX português», lê-se no portal do museu.

Médico, militante comunista, figura destacada do movimento da oposição democrática ao fascismo português, Mário Emílio de Morais Sacramento nasceu a 7 de Julho de 1920, em Ílhavo, e faleceu a 27 de Março de 1969, no Porto, destacando-se como ensaísta e escritor neo-realista.

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Mário Sacramento nasceu há 100 anos

«Há dezenas de anos que sofro o fascismo. Recebi dele perseguições de toda a ordem. Façam o mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá!»

Mário Sacramento no uso da palavra no I Congresso Republicano, realizado em Aveiro, em Outubro de 1957
Créditos / Jorge Seabra

Estes são extractos do testamento político do médico, escritor neo-realista, ensaísta e político português Mário Emílio de Morais Sacramento, nascido a 7 de Julho de 1920, em Ílhavo.

Figura destacada do movimento da oposição democrática ao fascismo, a sua actividade, nomeadamente como militante do PCP, levou-o por diversas vezes às prisões da polícia política de Salazar – PIDE (PVDE, entre 1933 e 1945) –, incluindo a do Aljube e de Caxias.

Mário Sacramento participou nas campanhas eleitorais para a Presidência da República, do general Norton de Matos e do professor Ruy Luís Gomes, foi secretário-geral do I Congresso Republicano de Aveiro, que decorreu em 6 de Outubro de 1957, e integrou a representação da Sociedade Portuguesa de Escritores no Congresso dos Escritores Europeus, realizado em Itália, em 1965.

Com a saúde a deteriorar-se, recolheu à Pousada de São Lourenço, no Caramulo. Foi aí que, em 1967, escreveu o seu famoso testamento político, onde deixou o alerta de que «o fascismo é o fim da pré-história do homem. E procede, por isso, como um gangster encurralado. Fiz o que pude para me libertar, e aos outros, dele. É essa a única herança que deixo aos meus Filhos e aos meus Companheiros. Acabem a obra!».

O autor viria a falecer dois anos mais tarde, no Porto.

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A exposição, segundo refere António Pedro Pita no texto de apresentação, «resulta em grande parte de pesquisa no espólio do ensaísta» e «sugere a mesa do trabalho teórico».

Nela aparecem «artigos e apontamentos, anotações em livros, desenhos, sucessivas reformulações de textos entretanto publicados, interlocuções decisivas, a extensão no tempo de uma maturação relativamente frustrada, verso e reverso de uma situação dramática: um intelectual português que adentra problemas centrais da sua época sem condições para elaborar integralmente as respostas entretanto intuídas».

«O regresso de Mário Sacramento permite re-visitar, para repensá-lo, esse drama que marcou o século XX», diz Pita.

A entrada é livre. A exposição, patente ao público a partir de hoje, estará em exibição até 30 de Outubro deste ano.

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