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Número de pessoas internadas por não terem para onde ir aumenta 60%

Em Março deste ano, 1675 camas dos hospitais públicos estavam ocupadas apenas por razões sociais, um aumento de 60% face a 2022. Situação denuncia falta de respostas públicas. 

Créditos / claritywatertech.com

Os dados constam do sétimo Barómetro de Internamentos Sociais, apresentado hoje em Lisboa, e que concluiu que, em Março, estavam internadas de forma inapropriada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) 1675 pessoas, o que se traduz num aumento de 60% face ao mesmo mês de 2022, quando totalizavam 1048.

«Os internamentos inapropriados nas unidades hospitalares do SNS aumentaram este ano, assim como os custos associados a estes casos, que se explicam por atrasos, quer na admissão para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), como na admissão para Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI)», conclui o estudo. 

O barómetro considera «internamento inapropriado» todos os dias que um utente passa no hospital quando já tem alta clínica e não existe um motivo de saúde para justificar que permaneça hospitalizado. A análise contou com a participação de 39 hospitais do SNS, num total de 19 462 camas, representando 88% da capacidade a nível nacional.

Os casos de internamentos sociais, à data da recolha dos dados (20 de Março), representavam 9,4% do total de internamentos nos hospitais nacionais – excluindo as unidades psiquiátricas – e tinham um custo estimado de quase 52 milhões de euros para o Estado, muito superior aos 19,5 milhões em Março de 2022.

Extrapolando estes números para o total do ano de 2023, os internamentos inapropriados podem ter um impacto financeiro de «mais de 226 milhões de euros», alerta-se. Lisboa e Vale do Tejo (34%) e o Norte (45%) são as regiões com maiores taxas de internamentos inapropriados, sendo responsáveis, em conjunto, por mais de oito em cada dez casos de utentes internados sem necessidade clínica que o justifique, confirmada através de alta médica.

O cenário diz bem da falta de respostas públicas, tanto ao nível dos lares como da Rede Nacional de Cuidados Continuados, mas também da falta de vontade política para ultrapassar um drama que afecta sobretudo os mais idosos, que, graças às parcas reformas e pensões, independentemente de longas carreiras contributivas, se deparam com maiores dificuldades no acesso a cuidados de saúde.

No passado mês de Abril, PS e PSD chumbaram um projecto de resolução a recomendar o reforço da rede de equipamentos e serviços de apoio aos idosos, e a valorização das associações de reformados, pensionistas e idosos. O diploma comunista defendia a garantia de investimento público, «com a criação de pelo menos 80 mil vagas em estruturas residenciais de apoio a idosos da rede pública até 2026», e alertava para a necessidade de o Governo implementar as medidas aprovadas na resolução n.º 88/2018


Com agência Lusa

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