Será uma expressão nítida da luta de classes: trabalhadores na rua a reivindicar aumentos salariais e patrões dentro da sede de uma associação patronal a contabilizarem os seus lucros. Na próxima sexta-feira, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal) e os seus sindicatos vão concentrar-se à porta da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) na próxima sexta-feira.
É simples razão para a concentração que encerra uma quinzena de esclarecimento, acção e luta, a decorrer desde o dia 5. A Fiequimetal e os seus sindicatos exigem que a CIP e os patrões façam um aumento real dos salários dos trabalhadores em 15%, com um mínimo de 150 euros, assim como valorizem as carreiras e efectivem direito à negociação colectiva.
Recorde-se que no ano passado, já perto da discussão do Orçamento do Estado, a CIP fez pressão para negociar à margem da concertação social, de forma a contrariar o aumento do Salário Mínimo Nacional e o aumento geral dos salários, propôs a criação de um 15.º mês voluntário, isento de IRS e de contribuições sociais.
Basicamente, a ideia dos patrões era depauperar o Estado, atacando directamente as suas funções sociais e a Segurança Social e, usando como elemento de pressão as dificuldades sentidas pelos trabalhadores com o aumento do custo de vida, arranjar um estratagema para continuar a aumentar as suas margens de lucro.
Para a Fiequimetal não há razão para negar os aumentos de salários reivindicados já que os lucros das grandes empresas comprovam que há dinheiro e que os trabalhadores estão a produzir toda a riqueza, mas esta está a ser-lhes roubada. Olhando para as empresas que empregam os trabalhadores abrangidos pela federação sindical, basta ver que a GALP teve lucros de 1000 milhões de euros, a EDP de 946 milhões, a Navigator de 201 milhões, a VW Autoeuropa de 46,6 milhões e a Somincor de 13 milhões.
Esta acção da Fiequimetal assume assim uma particular importância e como tal, a Secretária-Geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, irá estar presente, isto, uma semana antes do Congresso da Intersindical que, como se pode ver, está a ser construído em luta.
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