«A sapateira é uma farsa, ou melhor, um exemplo poético da alma humana, e apenas ela tem importância dentro da peça. As restantes personagens limitam-se a servi-la», disse García Lorca, em 1933, aquando da encenação que dirigiu, citado agora pelo Centro Dramático de Évora (Cendrev).
«A cor da obra é acessória e não fundamental como noutra espécie de teatro. Eu próprio poderia ter situado este mito entre os esquimós. A palavra e o ritmo podem ser andaluzes, mas não a substância. E a sapateira não é uma mulher em especial, mas todas as mulheres... No coração de todos os espectadores, há uma sapateira que voa», acrescentou o dramaturgo, que, fuzilado à queima-roupa três anos depois, havia de ficar para sempre como um dos símbolos da resistência ao franquismo.
Com A Sapateira Prodigiosa, o Cendrev regressa ao universo de Lorca, depois de Amor de Dom Perlimplim com Belisa em Seu Jardim, que apresentou há dois anos. Encenado por José Russo, com cenografia, figurinos e adereços de Filipa Malva, o espectáculo estará em cena até ao dia 27 deste mês com sessões de quarta a domingo, às 21h30, e sessões com tradução em língua gestual portuguesa nos dias 13 e 20 de Julho.
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