À boleia das elevadas taxas de juro que incidiram no crédito à habitação e das elevadas comissões bancárias, por exemplo, cobradas aos clientes, os bancos anunciaram, quase na sua totalidade, um aumento dos lucros no primeiro semestre do presente ano.
Apesar do aumento registado, o presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, considera que o pico da rentabilidade do sector ficou para trás. As declarações do banqueiro não apagam, no entanto, o facto do Santander Totta ter alcançado lucros de 547,7 milhões de euros nos seis primeiros meses do ano, um aumento de 64,2% em comparação com o período homólogo do ano passado.
É o próprio Pedro Castro e Almeida que reconhece que os lucros arrecadados são consequência directa da política colocada em prática pelo BCE. «É normal que a tendência nos próximos trimestres seja de algum desaceleramento devido à queda das taxas de juro», considera o presidente do Santander Totta.
Já a Caixa Geral de Depósitos anunciou lucros de 889 milhões de euros no primeiro semestre, mais 46% em termos homólogos. O banco público, visivelmente gerido como um banco privado, consegue com este resultado pagar ao Estado um dividendo extra de 300 milhões, acima dos 525 milhões que já pagou e, desta forma, saldar a recapitalização de 3000 milhões de euros que recebeu em 2017.
O resultado da Caixa, segundo o publicado, foi também ele sustentado pelas taxas de juro elevadas, que permitiram aumentar a margem financeira, mas isto acresce ainda a carteira de empréstimos que aumentou 2% para 53,7 mil milhões de euros.
Seguindo a tendência, o BCP que viu o seu lucro aumentar 16% para 411 milhões de euros alcançou assim o seu melhor primeiro semestre dos últimos 10 anos. O resultado é explicado pela melhoria da margem financeira, que cresceu 1,7% atingindo 1397,5 milhões de euros (apresentando uma margem de 3,08%).
Os resultados da banca expõem sobretudo a contradição económica e social evidente. Enquanto os resultados se avolumam e os milhões são arrecadados, os trabalhadores são confrontados com prestações do crédito à habitação cada vez maiores. Em 2023 o esforço financeiro para suportar os custos de aquisição de uma casa em Portugal era 11% superior àquele que se verificava em 2008.
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