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Foi preciso a morte de 40 mil pessoas para o Governo português pedir um cessar-fogo

O Governo Português diz agora pedir um «cessar-fogo imediato e permanente» em Gaza, mas o genocídio perpetrado pelo Estado sionista é somente classificado como «escalada de tensões» e a condenação a Israel é apenas por um «uso excessivo da força». 

Este é o Governo que tem um ministro dos Negócios Estrangeiros que ao El País disse ser «injusto dizer que Israel quer eliminar os palestinianos». Segundo os dados das Nações Unidas, desde 7 de Outubro de 2023, mais de 40 000 palestinianos perderam a vida, foram destruídas mais de 70 000 casas e 1 900 000 foram deslocadas em Gaza.

Entretanto, a acção criminosa israelita estendeu-se ao Líbano e militares da ONU passaram a ser alvos intencionais. As evidências da violação do Direito Internacional avolumam-se a documentação e os registos das atrocidades sionistas são impossíveis de esconder. Entre os eternos aliados de Israel no ocidente começam a surgir, por fruto das contradições, vozes dissonantes que apelam ao fim do envio de armas. 

O Governo português, numa atitude de submissão aos interesses estrangeiros típica de vende-pátrias, apoiou sempre as acções de Israel. Diga-se que o ex-Governo do PS, talvez por ter no seu seio partidário dirigentes que frequentam a embaixada de Israel, também nunca fez melhor figura que o actual executivo PSD-CDS. 

Foi preciso o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, ter vindo hoje a público dizer que a Administração Biden se opõem «à campanha de bombardeamentos» em Beirute e ter sido divulgada uma carta assinada pelos secretários de Estado, Antony Blinken, e da Defesa, Lloyd Austin, na qual é manifestada «profunda preocupação» com a situação em Gaza, para o Governo português lá tomar uma posição. 

Luís Montenegro foi hoje à Assembleia da República participar no debate preparatório do Conselho Europeu e pediu, finalmente, um «cessar-fogo imediato e permanente» em Gaza, condenou «o uso excessivo da força» por Israel, assim como a «posição injustificada» de Telavive relativamente ao secretário-geral da ONU, António Guterres. 

Não deixa de merecer nota de registo a tentativa do primeiro-ministro em instrumentalizar o genocídio em curso na Palestina ao acusar o PCP e o Bloco de Esquerda de não terem tido a mesma «veemência» no apelo à paz e reconhecimento do Estado palestiniano quando o PS era Governo, na medida em que «já havia tensão no Médio Oriente». 

«Quando nós somos aqui atacados de forma tão veemente pela extrema-direita e ao mesmo tempo pela extrema-esquerda sobre a nossa posição, isso significa uma coisa: nós estamos no centro, nós estamos na moderação, nós nem estamos num extremo nem estamos no outro, é o primeiro grande sinal daquilo que é o equilíbrio da posição portuguesa», afirmou Luís Montenegro, esquecendo-se certamente que alinhou sempre com a extrema-direita na cumplicidade com o genocídio, algo que não é muito moderado da sua parte. 
 

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