«Queremos uma vida justa que respeite o nosso direito de envelhecer com dignidade!». É esta a principal reivindicação da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos, também conhecida como MURPI. A exigência prende-se com a noção clara que o nível de vida está a deteriorar-se e, como tal, as dificuldades dos reformados e pensionistas tem-se vindo a avolumar-se.
Em comunicado, o MURPI destaca os desafios enfrentados pela população idosa, sublinhando que o recente aumento de 3,8% nas pensões é insuficiente para cobrir as necessidades básicas, especialmente num cenário de constantes aumentos nos preços de bens essenciais como pão, leite, carne, peixe e gás.
Segundo o mesmo, muitos são os reformados que estão a ser obrigados a optar entre uma alimentação inadequada e a compra de medicamentos indispensáveis para o controlo e alívio de doenças. Como se isto não bastasse, os reformados entendem que o acesso a serviços de saúde tem-se vindo a deteriorar, com o encerramento de urgências e o não cumprimento dos tempos de resposta nas emergências hospitalares, colocando vidas em risco.
Recorde-se que os mais recentes dados apresentados sobre a pobreza são alarmantes. Segundo o mais recente relatório, a taxa de pobreza entre os idosos aumentou de 17,1% em 2022 para 21,1% em 2023. Este aumento reflecte um cenário preocupante, indicando que mais de dois milhões de pessoas em Portugal não têm recursos suficientes para aquecer as suas casas.
A título de exemplo, sobre este último dado, recorde-se que em 2023 um estudo do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território sobre a mortalidade em Portugal concluiu que morre-se mais durante os meses frios do Outono e Inverno do que no resto do ano. Esse mesmo estudo afirma que existe um padrão evidente na mortalidade em Portugal, existindo uma grande vulnerabilidade ao frio, uma vez que não estamos preparados para lidar com temperaturas baixas.
Além disto, o comunicado do MURPI também critica o Governo e as forças políticas que, segundo os reformados, têm bloqueado medidas fundamentais nas áreas da saúde, previdência social e impostos. Para o mesmo, o actual rumo do país agrava as desigualdades sociais, comprometendo a dignidade e os direitos da população mais velha.
Como tal, os reformados e pensionistas exigem o aumento justo das pensões, para garantir o poder de compra; o funcionamento pleno e eficiente do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com acesso universal e gratuito; e a melhoria nas condições de habitação, com controlo dos custos energéticos e das rendas.
«Não precisamos, nem queremos esmolas, mas queremos uma vida justa que respeite os nossos direitos de envelhecer com dignidade», conclui o comunicado. Importa lembrar que o MURPI já tinha denunciado o insuficiente e injusto aumento extraordinário das pensões, uma vez que uma pensão de 500 euros, em Janeiro, terá um aumento de 19,25 euros, enquanto que uma pensão de 1600 receberá mais 72,25 euros.
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