A apresentação do programa eleitoral da AD coube ao presidente do PSD, Luís Montenegro. Ao longo de uma hora, a única verdade dita foi: «Eu não tento à segunda fazer diferente daquilo que fiz à primeira». Tudo o resto foi um exercício de chantagem, cosmética e ludibriação.
«Se políticas forem invertidas, os resultados tornarão a piorar»; «Portugal está bem e recomenda-se, mas não pode parar de continuar a modernizar-se, a transformar-se, a ser cada vez mais atrativo, para ter mais investimento, para criar mais riqueza para poder ser mais bem distribuída»; «Portugal é um país com estabilidade económica, financeira», foram algumas das frases proferidas na busca de vender um programa eleitoral que em nada melhorará a vida de quem vive e trabalha no país.
A coligação PSD/CDS-PP procurou vender um futuro risonho, quando teve nas suas mãos todas as propostas para dar respostas aos problemas do país. Começando pelos salários, a AD propõe que o Salário Mínimo Nacional cresça para os 1100 euros e o médio para os 2000 euros no final da legislatura. Acontece que PSD e CDS-PP tiveram já a possibilidade de colocar o Salário Mínimo nos 1000 euros já este ano e recusaram, assim como recusaram também o aumento geral dos salários em 15% e com um mínimo de 150 euros, conforme exigido pelos sindicatos.
Luís Montenegro afirmou que os «salários aumentarão tanto mais quanto a capacidade da economia de criar riqueza». Acontece que os dados demonstram que a produtividade aumentou, porém os salários não têm acompanhado esse ritmo. No sentido inverso assiste-se à acumulação da riqueza por parte dos grandes grupos económicos.
É precisamente para as grandes empresas que se dirige o programa eleitoral apresentado. A redução do IRC é a grande bandeira da coligação de direita, voltando à carga com o que foram as opções inscritas no Orçamento do Estado para 2025. A AD - Coligação PSD/CDS prevê uma nova baixa neste imposto, mas desta vez procura iludir o eleitorado com benefícios para as pequenas e médias empresas.
Colocando uma descida transversal gradual do IRC até 17%, mas de 15% para as pequenas e médias empresas, a AD optou por não referir que nos casos destas últimas, somente «os primeiros 50000 euros de matéria coletável pagam apenas 17% e a taxa de 21% só se aplica ao excedente. Para uma empresa atingir a taxa máxima, tem de ser sujeita à derrama municipal, entre 0% e 1,5% consoante o município em questão, e à derrama estadual, que pode ir dos 3% aos 9% e se aplica a empresas com rendimento coletável superior a 1,5 milhões de euros», conforme explicou Vicente Ferreira num artigo de sua autoria no blog Ladrões de Bicicletas.
Como se não bastasse a burla verificada recentemente com o IRS, a coligação que está no Governo insiste na mesma tecla e apresenta a redução do IRS em 2000 milhões de euros até final da legislatura, dos quais 500 milhões já em 2025. Mais uma vez, Luís Montenegro ignorou a realidade nunca mencionando os milhares de portugueses que tiveram de pagar IRS quando outrora recebiam a devolução do mesmo.
No âmbito da juventude, a insistência em propor medidas para os ricos como se significassem algo para os milhares que recebem o salário mínimo mantém-se. O programa eleitoral da AD prevê «garantir a continuidade das novas medidas para fixação dos jovens», e que passam pelo IRS Jovem reduzido, isenção de IMT e de Imposto de Selo e garantia pública na compra da primeira casa. Estas últimas medidas são também o princípio e o fim da política habitacional de PSD/CDS-PP.
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