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Morreu Matos Gomes, um dos Capitães de Abril

O coronel Carlos Matos Gomes, que se envolveu activamente no Movimento das Forças Armadas, na Revolução de Abril e na defesa da liberdade e da democracia, morreu este domingo, em Lisboa, aos 78 anos.

O coronel Carlos Matos Gomes (1946-2024) foi um Capitão de Abril, membro da primeira Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA)
O coronel Carlos Matos Gomes (1946-2024) foi um Capitão de Abril, membro da primeira Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA) Créditos / mediotejo.net

A informação foi divulgada nas redes sociais pelo seu filho, que acrescentou ter o pai partido «sereno e com as músicas de Abril».

Carlos Manuel Serpa de Matos Gomes nasceu em 24 de Julho de 1946 em Vila Nova da Barquinha, estudou no Colégio Nun’Alvares, em Tomar e, aos 17 anos, entrou para a Academia Militar, tendo-se fixado na arma de Cavalaria.

Como oficial do Exército foi mobilizado para a guerra colonial a partir de 1967, tendo cumprido comissões em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau, nas forças especiais Comandos. Ficou ferido em combate e foi condecorado com as Medalhas de Cruz de Guerra de 1.ª e 2.ª Classe.

Na Guiné-Bissau, em Agosto de 1973 participou no grupo de trabalho encarregue de escrever o texto de uma «carta protesto» endereçada aos então «Presidente da República, Presidente do Conselho, Ministro da Defesa e Exército, Ministro da Educação e Secretário de Estado do Exército», e foi eleito para a «primeira Comissão do Movimento de Capitães», conforme relato de Duran Clemente no seu livro Crónicas de um insubmisso, com prefácio de Matos Gomes.

Foi autor, com o seu camarada de armas Aniceto Afonso, de vários ensaios sobre África e a Guerra Colonial, temáticas que abordou também na área da ficção, na qual se estreou em 1982 com o romance Nó cego, sob o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz.

Em nota de condolências publicada na página da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou «uma vida de intervenção cívica e pedagógica muito diversificada e intensa, sempre na defesa dos valores porque se batera há mais de cinco décadas».

O velório terá lugar esta terça-feira, entre as 19 e as 23 horas, na capela da  Academia Militar. As cerimónias fúnebres serão na quarta-feira, às 11h, com missa de corpo presente, após o que seguirá para o cemitério do Alto de São João, onde será cremado.

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