Sob o lema «Igualdade, Direitos, Justiça Social e Paz. Luta que une, força que transforma», a manifestação nacional descentralizada que o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) promove amanhã, Dia Internacional da Mulher, em todos os distritos do continente e nas regiões autónomas, pretende dar voz a várias reivindicações e denúncias. As «persistentes desigualdades no trabalho, na família e na sociedade», e «o aumento da precariedade, da violência e da exploração que marcam a vida de muitas mulheres» são alertas que o MDM leva para a rua. Em Lisboa, onde também participam mulheres dos concelhos da região de Setúbal, o desfile parte da Praça dos Restauradores, pelas 14h30, em direcção à Praça do Município e este ano há razões acrescidas para participar.
«Assinalamos os 50 anos da manifestação do MDM comemorativa do Dia Internacional da Mulher, realizada pela primeira vez em liberdade, fruto da Revolução de Abril que constituiu um marco histórico no caminho de igualdade e emancipação das mulheres», refere o movimento num comunicado à imprensa. «Esta data [Dia Internacional da Mulher], celebrada por nós ininterruptamente, foi símbolo de resistência durante o fascismo e continua a ser, nestes 50 anos de liberdade, uma referência maior na afirmação dos direitos das mulheres», refere.
«Assinalamos ainda», acrescenta, os 50 anos do Ano Internacional da Mulher Igualdade, Desenvolvimento, Paz «proclamado pelas Nações Unidas, ratificado e assumido nos seus objectivos pelo Conselho de Ministros liderado pelo primeiro-ministro Vasco Gonçalves, salientando "a consolidação da revolução de 25 de Abril e o seu significado … para a evolução de um país em que as mulheres representam uma grande força progressista", significado que as mulheres reconheceram na sua participação, na conquista de novos direitos no trabalho e na família, na saúde, educação e segurança social, na cultura e no desporto, na vida social e política».
Mas nem só de efemérides se faz o dia de amanhã. As mulheres saem à rua para exigir a concretização da igualdade inscrita na lei, mas que continuam a ver sonegada. O MDM apela por isso à participação das mulheres que intervêm em diversas organizações sociais, sindicais e em defesa de direitos específicos das mulheres, afirmando a vontade de transformar as comemorações do 8 de Março «num poderoso momento de luta, em defesa dos valores de Abril, pela melhoria das condições de vida e de trabalho, a emancipação socioeconómica e a plena concretização dos direitos das mulheres».
O movimento critica o «agravamento brutal» das condições de vida e de trabalho das mulheres, designadamente o aumento da precariedade e da exploração, a manutenção de salários, pensões e reformas «de miséria» e a enorme subida dos preços de bens e serviços essenciais, empurrando as mulheres e as suas famílias para a pobreza e para a exclusão.
Um estudo divulgado em Fevereiro pela Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens da CGTP-IN (CIMH/CGTP-IN) denunciava que as mulheres continuam com piores condições laborais do que os homens. Ganham menos, apesar de terem maiores habilitações académicas, e gastam mais horas no trabalho não remunerado, designadamente em tarefas domésticas ou no cuidado à família, constituindo a maioria da população que vive na pobreza.
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