Num discurso transmitido pela TV, Abdul-Malik al-Huti, líder do movimento Ansarullah, repudiou os ataques recentes, com mísseis de cruzeiro, a três radares na costa iemenita do Mar Vermelho e afirmou que o país irá defender o «seu território, liberdade e independência, encarando como um direito seu o recurso a qualquer meio legítimo para combater quaisquer invasões violentas».
Al-Huti, que falava no aniversário do 14 de Outubro de 1963, em que o Iémen do Sul se rebelou contra o domínio colonial britânico, acusou os norte-americanos de «estarem a preparar o terreno para uma acção ofensiva contra a província de Hudaydah, procurando aumentar as pressões sobre o povo do Iémen», informam a PressTV e a HispanTV.
Primeiro ataque directo
Na quinta-feira de madrugada, um navio da Marinha norte-americana lançou três mísseis de cruzeiro contra três instalações de radar numa região costeira do Iémen, alegando que, no domingo passado, o destroyer USS Mason tinha sido alvo de um ataque, falhado, de mísseis disparados a partir de uma zona sob controlo huti.
Os Estados Unidos da América são um dos grandes aliados da Arábia Saudita – e um dos seus maiores fornecedores de armas –, mas, de acordo com a Reuters, nos 18 meses da ofensiva saudita contra o Iémen, os disparos desta quinta-feira, autorizados pelo presidente Obama, constituem a primeira acção militar directa contra alvos controlados pelas forças hutis.
Ainda na quinta-feira, representantes iemenitas rejeitaram as «alegações» norte-americanas como «infundadas» e afirmaram que estas têm como objectivo criar pretextos para «aumentar a escalada da agressão» ao Iémen e justificar todo o apoio que os EUA têm prestado à Arábia Saudita na campanha militar que lançou em Março de 2015.
Por outro lado, o movimento Ansarullah mostrou-se disposto «a trabalhar com as Nações Unidas ou com outro organismo internacional para investigar essas alegações e punir os responsáveis, independentemente de quem sejam», revelou a agência Saba Net.
Aliviar a pressão pós-massacre
As acusações contra os Hutis e os mísseis lançados contra os radares na costa ocidental do Iémen ocorrem depois de, no sábado passado, a aviação saudita ter bombardeado uma cerimónia fúnebre na capital do país, matando mais de 140 pessoas e ferindo mais de 500.
Para alguns observadores as alegações norte-americanas, de acordo com as quais os seus navios de guerra no Mar Vermelho estão a ser atacados, destinam-se a desviar as atenções do massacre de Saná, reduzindo assim a alta pressão a que Washington estava a ser sujeita por causa do seu apoio aos sauditas.
Por outro lado, consideram improvável que as forças iemenitas e os seus aliados quisessem abrir uma nova frente de confrontação, quando travam uma dura batalha contra a Arábia Saudita.
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