Unicef insiste na situação de extrema necessidade das crianças iemenitas

A guerra de agressão contra o Iémen, liderada pelos sauditas, está a dificultar os esforços de assistência à população infantil do país, que é afligida por má-nutrição aguda e morre de doenças evitáveis.

Crianças num bairro da capital iemenita, Saná (Novembro de 2016)
Créditos / PressTV

Desde Março de 2015 que o Iémen, o país mais pobre do Médio Oriente, tem de fazer frente a uma guerra de agressão liderada pela Arábia Saudita, com consequências desastrosas para as crianças do país, como voltou a sublinhar, esta segunda-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês), pela voz do seu representante Rajat Madhok.

De acordo com as declarações a que a PressTV teve acesso, o organismo das Nações Unidas conseguiu dar tratamento a mais de 200 mil crianças afectadas por má-nutrição aguda grave (a mais severa forma de subnutrição), num contexto em que o bloqueio imposto ao país pela coligação saudita e a falta de financiamento comprometem cada vez mais a missão da agência.

«Este trabalho de salvamento de vidas continua comprometido pela escassez de financiamento e o acesso limitado a zonas onde se verificam combates», disse Rajat Madhok, acrescentando que a Unicef tem vindo a administrar suplementos de vitaminas a milhões de crianças iemenitas afectadas pela má-nutrição, para reforçar o seu sistema imunitário.

As estimativas apontam que 2,2 milhões de crianças sofrem de subnutrição em todo o Iémen e que mais de 450 mil sofrem de má-nutrição aguda grave. A Unicef afirma que muitas outras vivem em condições extremas e estão expostas à contaminação de doenças mortais. Ainda de acordo com o organismo das Nações Unidas, cerca de mil crianças morrem todas as semanas, no Iémen, de doenças evitáveis.

Má-nutrição: valores mais elevados de sempre

Num relatório publicado no mês passado, a Unicef alertava que «a má-nutrição atingiu os valores mais elevados de sempre no Iémen, e está a aumentar», acrescentando que «o estado de saúde das crianças no país mais pobre do Médio Oriente nunca foi tão catastrófico como hoje».

No contexto da escassez de alimentos provocada pela campanha militar devastadora levada a cabo pela Arábia Saudita, com forte apoio do Ocidente e das petroditaduras, o texto salienta que «o sistema de saúde está à beira do colapso»: «menos de um terço da população do país tem acesso a cuidados médicos; menos de metade das instalações de saúde estão operacionais; os profissionais de saúde não recebem salário há meses».

No que respeita à subnutrição infantil, a Unicef afirma que as situações mais críticas se verificam em distritos como Hudaydah, Sa'ada, Ta'izz, Hajjah e Lahij – que, no conjunto, apresentam o maior número de casos de má-nutrição aguda grave. Sa'ada, a norte da capital, «tem a mais elevada taxa de atrasos de crescimento entre as crianças devido à subnutrição, com valores que chegam a oito em cada dez crianças em zonas onde a má-nutrição é crónica».

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