«EUA ajudam terroristas»

Irão condena ataque e Bolívia lembra invasão do Iraque

O ataque sobre a base aérea síria, levado a cabo pelos EUA na madrugada de sexta-feira, reforça as organizações terroristas no país, acusa o Irão. Emabaixador boliviano relembra mentiras e crimes norte-americanos no Iraque.

O embaixador boliviano na ONU, Sacha Llorenti, mostrou ontem uma fotografia de Colin Powell segurando uma falsa amostra de armas químicas iraquianas, em 2003, numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas
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O presidente iraniano, Hassan Rohani, acusou hoje o homólogo norte-americano, Donald Trump, de ajudar os grupos terroristas na Síria, durante um discurso transmitido pela estação pública de televisão e rádio.

«Este senhor que conquistou o poder nos Estados Unidos pretendia combater o terrorismo, mas hoje todos os grupos terroristas na Síria festejam o ataque americano», declarou Rohani, e questionou «por que a sua primeira ação foi ajudar os terroristas» e «por que atacou o exército sírio que luta contra o terrorismo».

Os EUA bombardearam, na madrugada de sexta-feira, a base aérea de Shayrat, na província de Homs, numa escalada do conflito que viola o direito internacional. O anúncio do ataque sobre a base da Força Aérea síria foi anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, esta madrugada. Seis dezenas de mísseis Tomahawk foram disparados de um navio estacionado no Mediterrâneo e, de acordo com fontes locais citadas pela agência russa RIA Novosti, destruíram a base de Shayrat.

A operação norte-americana foi justificada como uma resposta ao suposto ataque com armas químicas em Idlib, cuja responsabilidade é apontada às autoridades sírias. Apesar de ter sido pedida uma investigação independente e do veto de uma resolução do CSNU que visava legitimar o ataque, os EUA avançaram com a acção militar unilateral sobre a base aérea de um Estado soberano.

Rohani exigiu a criação de uma «comissão independente, com a presença de países neutros, sobre o alegado ataque químico perpetrado». Os responsáveis iranianos insistiram que o regime de Damasco procedeu ao desarmamento químico, não sendo este o caso dos grupos armados rebeldes jihadistas.

Ontem, o embaixador boliviano na ONU, Sacha Llorenti, foi muito duro para com os EUA na sua intervenção na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Llorenti lembrou a reunião daquele órgão, em Fevereiro de 2003, em que Colin Powell (então secretário de Estado norte-americano) afirmou dispor de provas da produção de armas químicas pelas autoridades iraquianas. Apesar de não ter conseguido convencer o Conselho de Segurança, os EUA iniciaram a invasão do país poucas semanas depois.

O representante boliviano lembrou que a invasão do Iraque provocou «um milhão de mortes» e «um conjunto de atrocidades na região». Mas Llorenti apontou ainda responsabilidades aos EUA pelo crescimente recente de organizações terroristas. «Poderíamos falar do Estado Islâmico se essa invasão não tivesse acontecido? Poderíamos falar do conjunto de ataques horrendos em várias partes do mundo se essa invasão, esta invasão ilegal não tivesse acontecido?», concluiu.


Com Agência Lusa

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