Nas folhas:
Comecemos pelo Kafka. Se nunca leram O Processo e estão fartos de papelada, de procedimentos incompreensíveis e de leis que dependem de regulamentos, que por sua vez dependem da interpretação de um chefe de divisão, é chegada a altura de lerem e de perceberem que, ainda assim, a vossa vida é mais simples que a de Josef K.
Ser um número é mais ou menos como ser Josef K.? Sentir a injustiça inexplicável de um aparelho que nos soterra é ser Josef K.? O processo imposto a Josef K. tem objectivo?
Esta obra de Franz Kafka, publicada pela primeira vez em 1925, continua a manter a sua actualidade e, para mim, a ser uma das obras fundamentais para quem se inquieta com a existência.
«Alguém certamente havia caluniado Josef K. pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum.»
Nos palcos:
«MARIDO O homem que hoje queria comprar o jornal de ontem, sempre conseguiu?
MULHER Conseguiu, sim, eu dei-lho.
MARIDO O de ontem?
MULHER Não, o de hoje.
MARIDO Mas ele queria o de ontem.
MULHER O de ontem, eu já não o tinha, e então dei-lhe o de hoje.
MARIDO Quando?
MULHER Hoje. O de ontem prometi-lho para amanhã.»
Tenho um amor no teatro, o do Eléctrico. Não faço a mínima ideia de como será este espectáculo, mas sei que no Domingo o irei ver ao Teatro da Trindade.
As encenações do Ricardo Neves-Neves têm sempre o seu indiscutível dedo compassado, a brincadeira do teatro. Não que não se falem de coisas sérias, elas estão lá sempre.
É isso, Karl Valentin Kabarett, até dia 23 de Julho, no Teatro da Trindade em Lisboa.
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