Hariri anunciou a sua demissão a partir da capital saudita, Riade. Numa declaração transmitida pela televisão Al-Arabiya, o primeiro-ministro libanês referiu-se, entre outras, a questões de segurança no seu país para justificar a sua decisão. Afirmou temer pela sua vida, aludindo a uma conspiração em curso para o matar.
Acusou ainda o Irão e o movimento de resistência libanês Hezbollah de interferirem nos assuntos internos dos países árabes, informa a PressTV.
Hariri, sunita e considerado um aliado de Riade, estava à frente de um governo de unidade nacional desde o final de 2016, depois de ter chegado a um acordo com as várias facções políticas do país, incluindo o Hezbollah (xiita).
Na sequência do anúncio inesperado da demissão do primeiro-ministro, no domingo o presidente do Líbano, Michel Aoun – cuja presença no cargo é vista como um vitória do Hezbollah –, reuniu-se de emergência com ministros e altos responsáveis pela segurança do país, tendo feito um apelo à «unidade nacional».
Também no domingo, o Exército libanês emitiu um comunicado em que afirmava não ter qualquer elemento em sua posse que lhe permitisse concluir haver «planos para assassinatos no país».
Por seu lado, o ministro libanês da Justiça, Salim Jreissati, disse esta terça-feira à imprensa que Hariri devia regressar ao país e que a sua demissão devia ser «voluntária»; só dessa forma o presidente Aoun a poderia ter em conta, indica a PressTV.
Salim Jreissati referia-se às especulações existentes no Líbano de que a demissão de Saad al-Hariri terá ocorrido sob pressão da Arábia Saudita, com o intuito de quebrar os equilíbrios políticos existentes no país, procurando diminuir a influência do Hezbollah na esfera do poder, alimentar divisões e, eventualmente, mergulhar o país na guerra.
Apelo de Nasrallah à calma
Sayyed Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah, cujas forças militares têm tido um papel destacado no combate ao terrorismo apoiado pelos sauditas na Síria, também defendeu que o primeiro-ministro do país foi pressionado para se demitir.
Numa declaração efectuada no domingo, Nasrallah sublinhou que a demissão ocorreu na sequência de várias visitas realizadas por Hariri à Arábia Saudita e acrescentou que tanto o texto como o estilo da demissão mostram claramente que não se trata de um documento de Hariri, sugerindo que lhe poderá ter sido imposto pelos sauditas.
Nasrallah afirmou que a interferência saudita na demissão do primeiro-libanês é óbvia – tendo sugerido vários motivos para a sua ocorrência –, no entanto pediu «calma a todas as partes até que os verdadeiros motivos sejam esclarecidos».
Em resposta às acusações lançadas por Hariri na sua declaração, o porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, Bahram Qassemi, sublinhou que o seu país as rejeitava de forma veemente.
Em seu entender, a demissão de Hariri e «o reavivar de alegações "infundadas" habitualmente referidas por sionistas, sauditas e norte-americanos eram mais um cenário para criar novas tensões no Líbano e noutros pontos do Médio Oriente».
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