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Nenhum sector é atractivo com baixos salários

A Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal defende que a alegada falta de trabalhadores qualificados no sector se deve aos baixos salários e à instabilidade laboral. 

A Fesete considera que «é hora de o patronato mudar de estratégia»
Créditos / tamegasousa.pt

Perante as periódicas declarações de responsáveis do sector sobre a alegada falta de trabalhadores qualificados, a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal (Fesete/CGTP-IN) defende num comunicado que «é preciso que o patronato diga tudo» e «não omita propositadamente as verdadeiras razões».

Simultaneamente, realça que os patrões não se devem esquivar da «sua responsabilidade» perante a fraca atractividade destes sectores, tanto para os jovens como para os trabalhadores menos qualificados.

Entre outros motivos, a Fesete responsabiliza a «instabilidade» e o «rasto de desemprego deixado pelas multinacionais que, entre 1990 e 2010, atiraram para o desemprego cerca de 214 mil trabalhadores, em alguns casos famílias inteiras», pela baixa atractividade.

A federação recorda que os salários destes sectores, em 2015, se situavam, em média, nos 586,42 euros, «muito longe dos valores apregoados pelo patronato». A «uma larga percentagem» de trabalhadores, nomeadamente da produção, é atribuído o salário mínimo nacional (SMN). «Estamos a falar de trabalhadores que, no final de cada mês, levam para casa, líquido, cerca de 495 euros», esclarece.

Acrescenta-se no texto que os sindicatos estão agora a iniciar a fase de negociação dos contratos colectivos de trabalho (CCT) para 2018 e que «até agora nada se alterou». Denuncia-se ainda que, «à nossa proposta de um salário mínimo para o sector de 600 euros, as associações patronais contrapõem o SMN de 580 euros, para a totalidade das diferentes profissões e níveis salariais da produção».

Violentos ritmos de trabalho trazem doenças 

A denúncia recai também sobre os «elevados e violentos» ritmos de trabalho, acompanhados de «várias formas de assédio laboral», que resultam em doenças profissionais como tendinites e stress laboral. «Uma parte significativa de mulheres a laborar na cadeia de produção só consegue trabalhar tomando quotidianamente antidepressivos», lê-se no texto. 

A Fesete considera que «é hora de o patronato mudar de estratégia» e de «distribuir justamente com os trabalhadores os resultados dos ganhos de produtividade que tanto têm apregoado».

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