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Ano termina em luta e novo ano em luta começa

Na grande distribuição, os últimos dias do ano foram marcados por dezenas de acções de luta por todo o País, exigindo melhores salários e a negociação do acordo colectivo de trabalho para o sector.

Créditos / CESP

O pontapé de saída foi a divulgação de um vídeo, promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Escritórios, Comércio e Serviços (CESP/CGTP-IN), onde os trabalhadores fazem uma paródia com os anúncios televisivos desta época natalícia. «Neste Natal, há mesas para todos os gostos», afirma o narrador, enquanto se vêem mesas de jantar de família características desta época do ano: «Há a mesa dos salários mínimos e a mesa das dificuldades económicas», a mesa «do trabalho gratuito com a implementação do banco de horas grupal», a mesa «da dificuldade de conciliar a vida profissional com a pessoal», e depois há «a mesa dos lucros obscenos dos patrões».

Para denunciar e combater estas desigualdades, o CESP dinamizou dezenas acções junto das empresas de distribuição, entre 21 a 31 de Dezembro, por considerar que «após um ano tão difícil para os portugueses, em particular para os trabalhadores das empresas de distribuição que sempre estiveram na linha da frente», estes devem ser recompensados com o aumento dos salários e valorização das suas carreiras profissionais.

Filipa Costa, dirigente do sindicato, disse ao AbrilAbril que o balanço desta luta, dinamizada por todo o País e em várias empresas, é positivo. «O ano termina em luta e o novo ano em luta começa», referiu, sublinhando que os trabalhadores querem negociar o contrato colectivo de trabalho mas não para piorar as suas condições laborais.

Num sector de baixos salários, em que não há actualização da tabela salarial desde 2016, o patronato pretende negociar o contrato colectivo de trabalho e estabelecer aumentos em troco da desregulação dos horários dos trabalhadores, com a tentativa de imposição de um banco de horas grupal, explicou a dirigente.

Filipa Costa afirmou que os referendos promovidos em várias empresas foram marcados por ameaças e pressões que tiveram como objectivo manipular os trabalhadores. «Mesmo assim, um conjunto muito grande de trabalhadores rejeitaram o banco de horas, porque não aceitam a degradação das suas condições de trabalho», referiu Filipa Costa.

Por outro lado, o sector da grande distribuição é fortemente afectado pelo aumento do salário mínimo, uma vez que os rendimentos de trabalhadores especializados, com dezenas de anos de casa, vão ficando cada vez mais próximos do salário mínimo. «Valorizamos o aumento do salário mínimo nacional, apesar de ser inferior ao que deveria, mas tal não pode significar a perda de poder de compra e desvalorização salarial no sector», ressalva a dirigente.

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