O terceiro e último dia da greve intercalada dos tripulantes de cabine das bases portuguesas da Ryanair está a registar fortes perturbações, com um número maior de voos cancelados em relação aos outros dias. Em causa estão as exigências dos trabalhadores para que a Ryanair cumpra a legislação nacional.
Luciana Passo, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), em declarações aos jornalistas, afirmou que a adesão à greve continua elevada e que o número superior de cancelamentos reflecte um «maior descontentamento».
Durante o período da manhã, a dirigente referiu que das 17 saídas previstas hoje houve 11 cancelamentos e «pelo menos dois voos saíram, numa contabilidade mais difícil de ser feita, mas sabe-se que saíram sem passageiros para irem, justamente, buscar tripulantes a outras bases».
Conforme as denúncias do SNPVAC, a Ryanair tem procurado recorrer a tripulantes estrangeiros como forma de furar a greve em curso, chegando até a ameaçar com retaliações de despedimentos contra quem recuse substituir os colegas portugueses. Apesar de ilegal, a empresa já veio admitir o acto.
Ryanair sobe tom de ameaças perante solidariedade europeia
Procurando reduzir os efeitos da paralisação, a Ryanair tem recorrido aos tripulantes das suas bases estrangeiras para assegurar a realização dos voos. Face à recusa de muitos trabalhadores em substituir os colegas portugueses em greve, a companhia tem estado a ameaçar com despedimento quem recuse.
Num comunicado aos trabalhadores a que o AbrilAbril teve acesso, a Ryanair ameaça que, «caso recuse cumprir o seu dever, ser-lhe-á atribuída falta injustificada e a situação será resolvida através de processo disciplinar. Falha de comparência é um assunto muito sério, com sérias implicações no seu actual emprego, futuras transferências e promoções», acrescenta.
Hoje, várias delegações sindicais europeias estão presentes nos aeroportos a acompanhar a paralisação. A ideia de uma greve europeia na Ryanair tem ganho alento nos último dias, face às denúncias e ameaças de despedimento ao telefone sobre os tripulantes estrangeiros que se recusaram a furar a greve.
A situação tem gerado uma onda de apoio de vários sindicatos europeus que, tal como já explicaram, também sofrem na pele as violações da companhia e portanto apelam à solidariedade para com os colegas portugueses e firmeza perante as ameaças.
«A Ryanair tem vindo a enviar memorandos aos tripulantes e aquilo que fez com o tripulante da Holanda, de mandar uma carta como último aviso, e que não iria progredir porque se recusou a substituir um colega que estava em greve, isso também teve repercussões», acrescentou.
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