Uma fábrica têxtil localizada em Boim, Lousada, avançou com o despedimento colectivo de 113 funcionários. O anúncio foi feito na semana passada e um grupo de cerca de 30 trabalhadores passou a noite de quinta-feira à porta da empresa para evitar a retirada de material, até que receberam uma declaração formal que os dispensa do local de trabalho.
Segundo a administração da Cottonsmile, Confecções Unipessoal, Lda., do grupo Polopique, o encerramento justifica-se pelos sucessivos prejuízos da unidade fabril. A notícia foi um choque para os funcionários, que sempre tiveram trabalho. Produziam camisas para marcas como Zara ou Lion of Porches e estavam a meio da produção de uma encomenda.
Segundo explicaram as funcionárias ao jornal Verdadeiro Olhar, a empresa sempre pagou a tempo e horas salários e direitos. «Pediram-nos para limpar tudo para uma auditoria e depois reuniram os trabalhadores e disseram que iam fechar porque a fábrica dá prejuízo. Puseram um segurança e fecharam a porta», explica Carla Borges, que trabalha na fábrica desde a abertura, em Junho de 2015. «Já fomos quase 200 e foram mandando alguns embora, mas sempre pagaram tudo. Só nos falta o salário de Setembro e os nossos direitos», afirma.
«Dizem que dá prejuízo desde o início, mas tivemos sempre muito trabalho e temos dado horas extra», refere Filipa Costa. «É um choque. Nunca tinha sido despedida. Sou nova para a reforma e velha para trabalhar», lamentou Isabel Moreira, de 53 anos, preocupada com o futuro.
Recorde-se que, em Maio, fechou também na zona industrial de Boim a fábrica de calçado Sioux Portuguesa. Encerrou sem aviso, alegando falta de encomendas, e os 150 funcionários da unidade passaram duas semanas, de dia e de noite, à porta da empresa, até que o administrador deu garantias de que todos teriam os papéis para o fundo de desemprego.
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