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Patrões podem pagar para manter a precariedade

Foi aprovada a proposta do Governo que prevê a criação de uma taxa adicional para as empresas que «abusem» dos contratos a prazo, com votos a favor do PS, a abstenção de BE, PSD e CDS e o voto contra do PCP.

Membros do Governo com representantes das confederações patronais, na assinatura do acordo laboral em Lisboa, 18 de Junho de 2018
CréditosPaulo Vaz Henriques / Portal do Governo

A medida, aprovada esta quarta-feira no grupo de trabalho das leis laborais, que segundo o Executivo se integra no combate à precariedade, prevê o pagamento de uma taxa contributiva adicional para a Segurança Social por parte das empresas que revelem um recurso excessivo de contratação a termo.

A taxa será aplicada quando as empresas ultrapassarem a média de contratos a termo prevista em cada sector. As médias sectoriais que servem de base para calcular a taxa sobre os contratos a prazo são ajustadas anualmente, sendo menos penalizado um sector onde se recorre de forma recorrente a contratos a prazo, «normalizando» a precariedade.

Rita Rato, deputada do PCP, considerou que esta proposta «pode até contribuir para a legitimação da precariedade», tendo votado contra. Em declarações ao AbrilAbril, a deputada comunista afirmou que «desde o início não acompanhámos esta proposta por se tratar de uma legalização da precariedade, assumindo como norma a precariedade existente num determinado sector».

Acrescentou que, para o PCP, o verdadeiro combate à precariedade passa por «fazer corresponder as necessidades permanentes das empresas a vínculos efectivos».

Resultante das negociações entre o BE e o PS, a taxa aprovada ontem legitima a precariedade, recompensando até as empresas que estejam abaixo da «média de precariedade».

A mensagem do Governo ao patronato é clara: existe alguma precariedade «aceitável» até certo ponto, mesmo que sejam contratos usados para ocupar postos de trabalho permanente e, portanto, ilegais.

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