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Pingo Doce usa e abusa dos horários de trabalho

O CESP promoveu, esta terça-feira, uma acção de denúncia frente ao Pingo Doce do Centro Comercial Rainha, em Oliveira de Azeméis, enquadrada na Jornada Nacional de Luta, convocada pela CGTP-IN.

Créditos / CESP

Sublinhando que os trabalhadores do comércio e serviços não ficaram imunes ao contexto da pandemia, em que se verificou um «aproveitamento» da crise de saúde pública para se intensificar a exploração sobre quem trabalha, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP/CGTP-IN) afirma que é preciso «lutar em defesa dos postos de trabalho, pelo aumento dos salários, pela garantia de locais de trabalho seguros, contra a precariedade e a desregulação laboral, ainda mais inaceitáveis neste período singular da nossa vida».

No comunicado em que divulgava a acção de protesto, o sindicato garante que todos os dias é confrontado com ataques aos direitos dos trabalhadores, embora «a pressão e repressão» já existisse antes da pandemia.

No Pingo Doce, o sindicato denuncia que várias vezes os trabalhadores são obrigados a «picar o ponto» na sua hora de saída e a ficarem «presos» dentro das instalações, esperando que todos os colegas acabem as suas tarefas. Só depois de todos terem terminado dão ordem para que os funcionários possam sair.

«Esta situação, para além de ser uma ilegalidade cometida sobre a vida de outros, é uma forma que o Pingo Doce tem de colocar colegas contra colegas», refere na nota. No Pingo Doce do Centro Comercial Rainha verificava-se esta prática, até o CESP tomar medidas no sentido de a impedir.

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Denúncia sindical faz Pingo Doce recuar

Uma trabalhadora com menores a cargo já não será transferida de local de trabalho, para mais de 40 km de distância, depois de o CESP ter impedido essa violação dos seus direitos de parentalidade.

Interior de loja Pingo Doce. Foto de arquivo
Créditos / Barlavento

Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN) revela que o Pingo Doce reverteu a sua decisão de transferir uma trabalhadora, na sequência de esta ter solicitado um horário de trabalho que lhe permitisse conciliar o exercício dos seus direitos de parentalidade.

Quando tomou conhecimento deste ataque aos direitos da trabalhadora, o CESP agendou de imediato uma acção de solidariedade e denúncia para as 8h do próximo dia 10 de Maio junto da loja Pingo Doce em causa, o que motivou uma onda de solidariedade com a situação desta funcionária.

Nesta sequência, ainda durante o dia de sexta-feira, a empresa decidiu reunir com a trabalhadora para lhe transmitir que «afinal há uma vaga numa loja de Beja» e que, por esse motivo, não terá de mudar o seu local de trabalho.

Para o sindicato foram fundamentais a «coragem e determinação desta trabalhadora que, com o apoio do CESP, fez valer os seus direitos e das suas filhas, provando que vale a pena lutar».

A par disso, foi também importante a «solidariedade manifestada por clientes e população perante a denúncia». Para o CESP, «atacar os trabalhadores por defenderem e exercerem os direitos de parentalidade é, para além de discriminatório, um ataque às crianças».

Recorde-se que o Pingo Doce tinha decidido transferir a trabalhadora para outro local de trabalho, a mais de 40 km de distância (de Beja para Aljustrel), após esta ter solicitado um horário de trabalho compatível com apoio às filhas.

Tal decisão, que pretendia servir como uma ameaça à trabalhadora, tornaria incompatível a continuidade de amamentação da sua filha mais nova, por força da distância, dos poucos transportes públicos disponíveis e do horário de trabalho definido.

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Por outro lado, existe uma outra ilegalidade, ainda não resolvida e que atrai muito mais lojas a cometê-la, afirma a organização sindical. Os horários de trabalho, que devem ser entregues com 30 dias de antecedência aos trabalhadores, e que são afixados muitas vezes fora deste prazo, sofrem alterações todos os dias.

«Os trabalhadores nunca sabem a que horas entram ao serviço, nem a que horas saem! A [sua] vida pessoal e familiar pouco importa ao Pingo Doce, desde que estejam satisfeitas as necessidades da produção de lucros», pode ler-se na nota.

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