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Ryanair pede a pilotos que peçam transferência para «evitar» despedimentos

A Ryanair pediu aos pilotos em Lisboa para pedirem transferência para outras bases ou licença sem vencimento para «evitar» despedimentos, alegando ter «um excedente significativo de pilotos» neste aeroporto.

CEO da Ryanair, Michael O'Leary
CréditosChema Moya / EPA

Na comunicação enviada a «todos os pilotos de Lisboa», a que a Lusa teve acesso, o director de operações da Ryanair afirma que o aeroporto de Lisboa «tem um excedente significativo de pilotos que tem de ser reduzido neste Inverno».

«Esperamos sinceramente que o excedente em Lisboa possa ser resolvido com transferências para outras bases ou com licenças sem vencimento voluntárias. Assim, podíamos evitar a perda de empregos», lê-se no documento datado de 24 de Setembro.

Recorde-se que a empresa, que considera razoável que os trabalhadores fiquem «voluntariamente» sem vencimento durante o Inverno, obteve lucros de 1020 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano.

Em declarações ao AbrilAbril, Luciana Passo, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), considerou esta posição da empresa «inadmissível». «É aliás uma nítida retaliação para com os trabalhadores que ousaram dinamizar uma greve e tem como objectivo instituir um regime do medo», acrescentou.

A dirigente deixou ainda críticas ao Governo do PS: «Temos um governo que para manter cá a Ryanair ataca o direito à greve e cria condições especiais, numa concorrência desleal para com outras empresas. E agora a Ryanair diz aos trabalhadores que, para não serem despedidos, têm que estar disponíveis para mudar toda a sua vida e levar a família para outro País, ou abdicar do seu vencimento nos meses de menor acitivdade da empresa.»

Na comunicação aos trabalhadores, a Ryanair refere que, «com o colapso do operador britânico Thomas Cook, perder-se-ão 9000 empregos no Reino Unido e potencialmente cerca de 13 mil empregos em toda a Europa».

A Ryanair decidiu abandonar a rota entre o Porto e Lisboa a partir de 25 de Outubro «por razões comerciais» e, depois de ter anunciado que ia encerrar a base em Faro, a transportadora chegou a um acordo com a ANA – Aeroportos de Portugal que passa por manter a base no aeroporto algarvio, mas com actividade «mais reduzida».

Os tripulantes de cabine da Ryanair voltaram hoje à greve pela aplicação da legislação laboral portuguesa que tem sido ignorada pela empresa.


Com Agência Lusa

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