|Arsenal do Alfeite

Trabalhadores do Alfeite exigem justiça nas promoções

A Comissão de Trabalhadores do Arsenal de Alfeite afirma que vai continuar a lutar pelo fim da injustiça nas promoções, já que ficaram de fora 47 trabalhadores. 

Plenário e protesto dos trabalhadores do Arsenal do Alfeite, frente ao Ministério das Finanças, em Lisboa, a 29 de Junho de 2021
CréditosAntónio Cotrim / Agência Lusa

A Comissão de Trabalhadores do Arsenal de Alfeite congratula-se com o despacho do Governo, que vai desbloquear a promoção de seis mil militares nos três ramos das Forças Armadas, mas critica que se mantenham bloqueadas, desde 2018, as promoções de quase meia centena de trabalhadores do Arsenal.

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Promoções nas Forças Armadas: quem está a faltar à verdade?

«Porque é que a secretária de Estado do Orçamento e o ministro de Estado e das Finanças esperaram por 17 de Dezembro de 2021 para produzir um despacho, afinal, “desnecessário”?»

Militares desfilam perante o Presidente da República, durante comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Portalegre, 10 de Junho de 2019
CréditosNuno Veiga / Agência Lusa

Esta é a questão levantada, em comunicado, pela Associação Nacional de Sargentos (ANS), denunciando o facto de neste início de ano, «muitos dos militares que deveriam ter sido promovidos ao longo de 2021 (e alguns ainda em 2020)» continuarem a aguardar a respectiva promoção.

Entretanto, a ANS chama a atenção, por um lado, para o despacho do ministro da Defesa Nacional (MDN) de 29 de Abril de 2021, concordando com o plano de promoções nas Forças Armadas mas remetendo-o para os ministros de Estado e das Finanças, e da Modernização do Estado e da Administração Pública. Por outro, para o despacho do secretário de Estado da Administração Pública, de 17 de Maio de 2021, onde se considera desnecessária «a emissão do despacho prévio requerido», uma vez que o disposto no artigo 152º do Decreto-lei de Execução Orçamental 2019 «se encontra tacitamente derrogado pela entrada em vigor da Lei do Orçamento de Estado para 2020».

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Militares contestam atrasos nas promoções

O plano de promoções para 2021 foi entregue no final de 2020 e as dotações foram incluídas nos orçamentos dos três ramos. Há vagas e militares com condições para promoção desde o dia 1 de Janeiro.

CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

«Estamos a um mês e meio do final do ano e, até ao momento, promoções, nem vê-las», alerta a Associação Nacional de Sargentos (ANS), que, em comunicado, chama ainda a atenção para o facto de os efeitos remuneratórios das promoções só «serem produzidos à data do despacho de promoção publicado pelo chefe do Estado-Maior do Ramo».

No entanto, a ANS considera que, em termos práticos e face ao atraso na publicação dos vários despachos, «os militares continuam a ser alvo dos efeitos perversos da medida, excepção feita para os oficiais-generais que continuam a ser promovidos em tempo e dispensados destes despachos».

Dirigindo-se ao Governo e também ao Comandante Supremo das Forças Armadas, a ANS sublinha que, «num quadro em que os vencimentos dos militares não são actualizados há uma dúzia de anos e em que a tabela remuneratória dos militares comporta graves e gritantes situações de injustiça», os atrasos e incumprimentos da lei representam perdas significativas, «particularmente nos militares das mais baixas patentes, para além de contribuírem para o sentimento de frustração e desmotivação nas fileiras».

Nesse sentido, acusam os sucessivos governos de «esbulhar» os militares ao não os promoverem atempadamente, uma situação que, segundo a ANS, não pode ser aceite como «normal» e «deve ser firmemente combatida».

Recorde-se que, no passado mês de Junho, os dirigentes das associações de oficiais, sargentos e praças entregaram na Assembleia da República uma petição pública com cerca de 7700 assinaturas a fim de promover a alteração do Sistema Remuneratório dos Militares, que há mais de uma década não é alterado.

Aproximando-se a data de dissolução da Assembleia da República, esta petição, como outras, transitará para a próxima legislatura.

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Apesar deste despacho, só a 17 de Dezembro de 2021 a secretária de Estado do Orçamento produziu um «despacho em resposta ao pedido remetido pelo MDN, nada tendo a opor às promoções dos militares», com o ministro de Estado e das Finanças a emitir também um despacho na mesma data “autorizando” as promoções.

Aqui chegados, a ANS questiona: «quem é que está a faltar ao rigor e à verdade? Será que o único que está consciente da legislação em vigor é o Secretário de Estado da Administração Pública?» Se não, «porque é que o MDN remeteu o seu despacho para os outros membros do governo, argumentando com um artigo tacitamente derrogado?», e os «chefes militares ficaram à espera de um despacho considerado “desnecessário”?».

Sabendo-se que as listas de promoções para 2022 deveriam ter sido homologadas até 15 de Dezembro de 2021 e publicadas até 31 do mesmo mês, a ANS alerta os responsáveis «políticos e militares» para que não permitam que esta situação se torne a repitir, considerando que estes atrasos «têm consequências materiais, funcionais, motivacionais e até sociais».

Uma dos problemas está na perda do diferencial de vencimento para o novo posto, que depois se vai reflectir no próprio cálculo da pensão de reforma, no cômputo do subsídio de reintegração, para além de, «em caso de morte, o cônjuge sobrevivo de um militar que tenha falecido sem ter tido a devida promoção, verá a sua pensão calculada pelo posto do militar à altura do seu falecimento, e não pelo posto que lhe seria devido».

Por tudo isto, a ANS reclama também a atenção de Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas.

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«Lamentamos que uma medida justa [...] não tenha sido extensiva aos 47 trabalhadores do Estaleiro Concessionário do Serviço Público, [...] único no País» e «com capacidade de intervenção em sistemas de armas, de comunicação e sensores, incluindo os submarinos», refere num comunicado enviado ao AbrilAbril

A estrutura regista os esforços realizados em sentido positivo, seja na forma de ofícios, pedidos de audiência e concentrações de trabalhadores junto do Ministério das Finanças, e assume que vai continuar a lutar «pelo fim desta injustiça». «O desbloquear das promoções destes 47 trabalhadores afectará assim tão significamente as contas do Estado?», pergunta. 

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