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Beethoven sonoriza drama das mulheres migrantes

A Sinfonia n.º 7 de Beethoven serve de mote para o espectáculo coreográfico Baby-Doll, que retrata o duro calvário das mulheres migrantes rumo à Europa, e que se estreia em Abril na Gulbenkian.

Créditos / ACNUR

A autora, encenadora e videasta Marie-Eve Signeyrole propõe uma criação híbrida, que junta dança, vídeo e música ao Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, quase cinco anos depois de ter apresentado, no mesmo palco, a encenação de O Monstro no Labirinto, ópera de Jonathan Dove, também uma abordagem das migrações e do poder, a partir de uma elaboração do mito dos jovens atenienses raptados pelo Minotauro.

A Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro Ben Glassberg, junta-se ao clarinetista e compositor francês YOM para «proporcionar uma singular experiência musical e performativa» da sinfonia do compositor alemão.

O espectáculo, que se estreou em 2020 na Philharmonie de Paris, é coproduzido pela Gulbenkian e cruza realidade com ficção, conduzindo o público numa viagem dramática ao lado dos migrantes que fogem de conflitos sangrentos ocorridos em nações em guerra como a Síria, o Sudão e o Afeganistão.

Esta «ficção documental» pretende confrontar a população ocidental, que precisa de cada vez mais informação, com um problema que ainda está «longe de ser capaz de identificar, pensar e julgar, ao mesmo tempo que lhe fornece algumas chaves, por vezes poéticas, por vezes reais, por vezes de antecipação, para o que nos poderia acontecer também», explicou a encenadora em entrevista, aquando da estreia do espectáculo em França.

«A dança é um meio de comunicar pelo coração as coisas que são indescritíveis», defende Marie-Eve Signeyrole, para quem «o vocabulário que emerge da imagem» aproxima o público de certas situações, tal como acontece com a música, que permite estar em pura emoção e por vezes «aliviar» a violência desta realidade.

A inspirar o título, é evocada a história de Houria uma jovem da Eritreia que escondeu uma boneca debaixo da roupa para fingir que estava grávida, e tentar proteger-se da violência da qual muitas mulheres são vítimas enquanto fazem a viagem rumo a um local seguro.

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Cinco milhões de refugiados regressaram a suas casas na Síria

O ministro interino da Administração Local da Síria, Hussein Makhlouf, revelou que cerca de cinco milhões de refugiados e deslocados voltaram para as suas casas, de forma voluntária e segura.

Vista do campo de refugiados de Rukban, na região síria de al-Tanf, junto à fronteira com a Jordânia
Créditos / sott.net

Makhlouf, que é também líder da Comissão de Coordenação Ministerial Sírio-Russa, disse que a melhoria significativa das condições de segurança em quase todo o país levantino contribuiu para o número de regressados, assim como o empenho permanente do governo sírio em garantir os serviços básicos e uma digna àqueles que voltam.

As declarações de Hussein Makhlouf foram proferidas esta segunda-feira no Palácio das Convenções de Damasco, no âmbito das reuniões conjuntas sírio-russas que visam dar continuidade aos resultados da Conferência Internacional sobre o Regresso dos Refugiados Sírios, que se realizou em Novembro de 2020, informa a SANA.

Outras medidas que visam facilitar o regresso dos refugiados, referiu o ministro da Administração Local, são a concessão de amnistias, a libertação de presos, a normalização do estatuto jurídico dos sírios que saíram do país de forma ilegal e a simplificação dos trâmites nas fronteiras.

Amplo esforço de reconstrução

Por seu lado, o chefe do Órgão de Coordenação Ministerial Conjunto da Federação Russa, Mikhail Mizintsev, afirmou que os sírios retornados recebem cuidados médicos, ajuda alimentar e educação gratuita, bem como oportunidades de trabalho.

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Começou em Damasco conferência internacional sobre regresso dos refugiados

Bashar al-Assad afirmou que a questão dos refugiados sírios é uma questão nacional e humanitária, sublinhando os esforços realizados pelo país para tornar possível o seu regresso, apesar dos obstáculos.

Uma refugiada síria e os seus filhos preparam-se para regressar a casa, em 3 de Julho de 2018.
CréditosRuth Sherlock/NPR / WUWM 89.7

Com a participação de representantes da Rússia, da China, do Irão, do Paquistão, de Omã e de vários países árabes, teve hoje início, na capital síria, a Conferência Internacional sobre o Regresso dos Refugiados, que se prolonga até amanhã e durante a qual os participantes vão abordar as vias para que milhões de refugiados e deslocados possam regressar a suas casas e «viver uma vida em condições normais».

Na sessão de abertura do evento, que decorre no Palácio das Convenções, o presidente sírio agradeceu à Rússia pelos grandes esforços que levou a cabo para tornar possível a realização da conferência, «apesar de todas as tentativas a nível internacional para o impedir».

Agradeceu igualmente ao Irão pelo esforço colocado na realização do evento e pelo seu apoio, «que contribuiu para aliviar as repercussões a guerra e os impactos do bloqueio».

«Alguns países ocidentais exploraram de forma atroz a questão humanitária dos refugiados sírios, transformando-a numa cartada de pressão e negociação política ao serviço das suas agendas»

Bashar al-assad

Na sua intervenção, por vídeo, Bashar al-Assad afirmou que as pressões políticas, as sanções económicas e o bloqueio imposto pelos EUA e seus aliados dificultam os esforços das instituições estatais sírias com vista à reabilitação e reconstrução das infra-estruturas destruídas e arrasadas pela guerra de agressão terrorista.

Apesar disso e do esforço que a guerra contra o terrorismo exigiu ao país, al-Assad destacou que, nos últimos anos, a Síria conseguiu criar condições e garantias para trazer de volta centenas de milhares de refugiados, estando hoje «a trabalhar sem descanso para o regresso de cada refugiado que queira participar na reconstrução da sua pátria», refere a agência SANA.

Segundo o presidente da Síria, a esmagadora maioria dos sírios no estrangeiro «está agora mais que nunca disposta a regressar porque se recusa a ser uma peça no tabuleiro da exploração política de certos governos que apoiam o terrorismo contra a sua pátria».

«Alguns países ocidentais exploraram de forma atroz a questão humanitária dos refugiados sírios, transformando-a numa cartada de pressão e negociação política ao serviço das suas agendas», além de explorarem monetariamente os refugiados, sem terem em conta o seu sofrimento no estrangeiro, denunciou.

«as potências ocidentais e as suas marionetas na região impediram o regresso dos refugiados, pressionando-os e intimidando-os»

Al-Assad acusou as potências ocidentais e as suas marionetas na região de terem impedido o regresso dos refugiados, pressionando-os e intimidando-os, algo que, em seu entender, não é estranho se se pensar que se trata de países cujos governos se empenharam a fundo para disseminar o terrorismo na Síria, que provocou a morte de centenas de milhares de pessoas e obrigou milhões a fugir.

«Claro que esses estados não podem ser os mesmos que aqueles que são a razão e a estrada para o seu regresso à pátria. A sua recusa em participar nesta conferência é disso a melhor prova», acusou al-Assad, citado pela SANA.

«É preciso erradicar todos os focos do terrorismo na Síria e secar as suas fontes»

Em nome da Rússia, pronunciou-se o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, que afirmou que a ausência dos Estados Unidos no evento evidencia a sua política de dois pesos e duas medidas para com a Síria.

«o problema dos refugiados é o resultado de uma guerra imposta ao povo sírio, que durou uma década»

Ali Asghar Khaji (Irão)

Acrescentou que a solução para a crise dos refugiados requer a participação da comunidade internacional e que alguns países deixem de politizar a questão.

Pelo Irão, Ali Asghar Khaji, o principal assistente do ministro dos Negócios Estrangeiros, propôs à conferência a criação de um fundo internacional para a reconstrução da Síria, tendo em conta o impacto directo dessa medida no regresso dos deslocados, e sublinhou que «o problema dos refugiados é o resultado de uma guerra imposta ao povo sírio, que durou uma década», indica a Prensa Latina.

A China está representada no evento pelo seu embaixador, Phuong Biao, que afirmou que as sanções económicas à Síria são ilegais e impedem o regresso dos refugiados ao seu país. «É preciso erradicar todos os focos do terrorismo na Síria e secar as suas fontes», disse.

No primeiro dia da conferência, a Rússia anunciou que vai atribuir ao governo sírio mais de mil milhões de dólares, que se destinam à reconstrução das redes eléctricas e da indústria no país árabe.

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O militar russo revelou que foram reconstruídas 987 escolas, 255 centros de saúde e 4966 edifícios residenciais, enquanto mais de 14 400 instalações industriais voltaram a funcionar.

Além disso, precisou, foram recuperadas pontes e estradas, linhas de electricidade e centenas de poços de água potável e padarias.

Mizintsev alertou que o bloqueio e as sanções impostos à Síria impedem a reconstrução do país, e que a presença ilegal de forças estrangeiras em território sírio impede a estabilização da situação das zonas que ocupam.

Ocupação norte-americana e turca dificultam o regresso dos refugiados

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Ayman Sousan, destacou que o governo sírio, sob a orientação do presidente Bashar al-Assad, vai continuar a tomar todas as medidas para tornar mais fácil o regresso a casa dos refugiados e deslocados internos, refere a SANA.

O diplomata denunciou a atitude de alguns países hostis à Síria, que impedem o regresso de sírios que neles se refugiaram e exploram o seu sofrimento, ao serviço dessa «agenda hostil».

Destacou ainda o modo como a ocupação norte-americana e turca de partes do território da Síria, as medidas coercivas unilaterais ilegais e as tentativas de dificultar o processo de reconstrução do país colocam obstáculos ao regresso dos refugiados.

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«Uma das migrantes escondeu uma boneca debaixo das suas roupas para fingir que estava grávida e não dar aos homens o desejo de a violar. As mulheres que já estão grávidas têm muito menos probabilidades de serem violadas do que as que não estão, pois são vistas como "virgens" pelos homens que se cruzam com elas. Por causa disso, nunca lhe tocaram», conta a autora na entrevista.

Sobre o título do espectáculo, explicou que Baby Doll significa «boneca» e, neste espectáculo, é a boneca que testemunha a travessia, e é a quem se pode contar os seus medos. É a criança que está para vir».

Mas há também uma referência ao filme Baby Doll, de Elia Kazan, porque «ela é simplesmente a mulher-objecto. Ela é apenas um corpo. As jovens que fazem a travessia têm a mesma idade que a rapariga do filme Baby Doll, ou seja, quinze, dezasseis, dezassete anos, em geral», acrescentou.

Em palco, a Orquestra Gulbenkian interpreta a 7.ª Sinfonia de Beethoven, cujos quatro movimentos evocam uma viagem tão intensa como violenta, segundo a autora, juntando-se aos apontamentos musicais de YOM, um clarinetista e compositor com múltiplas influências e uma estética diversa, e trazendo uma musicalidade contemporânea aos trágicos destinos femininos.

Com o compositor, tocam ainda os músicos Léo Jassef, no piano, Régis Huby, no violino, e Maxime Zampieri, no bombo e nas percussões.

Para que os corpos e os rostos melhor possam «comunicar coisas indescritíveis», como descreveu Marie-Eve Signeyrole, o espectáculo combina a dança com a projecção de vídeos ao vivo, que aproximam o olhar do espectador das emoções dos seus intérpretes.

Baseadas em factos verídicos, as histórias contadas em palco são encarnadas pelos performers e bailarinos Annie Hanauer, Stencia Yambogaza e Tarek Aït Meddour, numa «proposta que traz a actualidade para o centro do discurso musical».

Baby Doll vai estar em cena nos dias 1 e 2 de Abril, e os bilhetes custam entre 20 e 36 euros.


Com agência Lusa

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