|Cruzeiro Seixas

Centenário de Cruzeiro Seixas encerra com a maior exposição do artista

O centenário das comemorações do nascimento de Cruzeiro Seixas (1920-2020) encerra com a maior exposição do artista, a inaugurar dia 3 de Dezembro na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa.

Créditos / Câmara Municipal de Setúbal

A mostra intitulada «O Sentido do Encontro», patente até 26 de Fevereiro de 2022, irá reunir algumas das mais importantes obras de Cruzeiro Seixas, acedendo às diferentes técnicas desenvolvidas pelos surrealistas, especialmente o cadavre-exquis, inventado pelos surrealistas franceses em 1925, à qual os surrealistas portugueses deram continuidade, quer na expressão plástica, quer na literária.

O cadrave-exquis foi uma técnica artística colectiva, que habitualmente usava o papel dobrado em tantas partes quantos os participantes que, sem verem o que o anterior artista desenhava, apenas pegando nalgumas linhas e formas que chegavam ao limite da dobra, tinham de lhe dar continuidade, sem qualquer limitação da imaginação.

Esta técnica afirmava-se como um «acto de liberdade» para os surrealistas, e baseava-se também no automatismo e no subconsciente, cujo resultado seria fruto do acaso para a construção de uma imagem ou de um poema visual sem o controlo da razão.

Os objectos expostos são também um marco na obra de Cruzeiro Seixas, falecido aos 99 anos, assim como os desenhos à pena e a técnica da colagem.

A mostra, com 160 obras, irá ainda destacar o seu percurso por África, com pequenas esculturas etnográficas, e obras realizadas no período em que esteve naquele continente. Inclui também os seus «Diários Não Diários», um registo de memórias, projectos e ideias, recorrendo essencialmente à colagem com fragmentos de vivências, criando um espaço de pensamento com simples alusões diárias do que se passava no seu universo pessoal e profissional.

Considerado «um dos expoentes máximos do surrealismo português»

Cruzeiro Seixas homenageado nos 40 anos da Bienal de Cerveira

A Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira vai voltar a realizar-se em anos pares, regressando em 2018 para comemorar 40 anos de existência e homenagear o pintor Cruzeiro Seixas.

Cruzeiro Seixas
CréditosTiago Petinga / Agência Lusa

Em comunicado divulgado esta quarta-feira, a Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC), no distrito de Viana do Castelo, adiantou que a 20.ª edição da bienal vai decorrer de 10 de Agosto a 23 de Setembro de 2018, centrada nas artes plásticas.

«Sob o compromisso de apresentar ao público as mais recentes realizações artísticas e tendências estéticas, pretende-se que a vigésima Bienal seja um marco de transição para o futuro, partindo das gerações anteriores», referiu o coordenador artístico do evento, Cabral Pinto, citado na nota.

Segundo aquela entidade, a homenagem a Cruzeiro Seixas, considerado «um dos expoentes máximos do surrealismo português», integrará uma mostra retrospectiva da sua obra plástica e poética.

«Tendo-se manifestado muito agradado com este tributo, Cruzeiro Seixas considera fundamental a organização de exposições sobre os artistas da sua geração que, num tempo de ditadura, foram impulsores da implementação de novas ideias», afirmou Cabral Pinto.

Segundo a FBAC, o formato adoptado desde a primeira bienal será mantido de acordo com o objectivo a que se propõe desde 1978: «um local de encontro, debate e investigação de Arte Contemporânea, num programa concertado com a vizinha Galiza e o Ensino Superior a nível Europeu». 

A 19.ª edição, que decorreu entre Julho e Setembro últimos, recebeu 100 mil visitantes nos 14 espaços que acolheram 600 obras de arte, assinadas por cinco centenas de artistas de 35 países.

A edição de 2017 ocupou uma área de 8300 metros quadrados de espaço expositivo, só na vila onde nasceu em 1978, e estendeu-se aos municípios vizinhos de Paredes de Coura e Caminha, e às localidades galegas de Vigo e Ourense, na Galiza.


Agência Lusa

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Será também exibido o filme de Cláudia Rita Oliveira, As Cartas do Rei Artur, dedicado ao artista, a quem muitos chamavam mestre, e que tem sido alvo de homenagens por várias entidades, nomeadamente na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris, em Maio deste ano, com a mostra «Cruzeiro Seixas – Teima em ser poesia», organizada pela Fundação Cupertino de Miranda.

Cruzeiro Seixas teve um longo percurso artístico, começando por uma fase expressionista, outra neorrealista e outra, com início no final dos anos 1940, mais prolongada, no movimento surrealista português, ao lado de Mário Cesariny, Carlos Calvet, António Maria Lisboa, Pedro Oom e Mário-Henrique Leiria.

Foi esse movimento artístico surgido no início do século XX, que viria a revolucionar a arte, que provocou nele uma acesa paixão criadora que manteria até ao fim da vida. Em 2011, numa entrevista à agência Lusa, declarou, convicto, sobre o movimento surrealista: «Até hoje, nada apareceu de melhor».

Artur Cruzeiro Seixas deixou um vasto trabalho nas artes plásticas e visuais, e foi também um poeta prolífico. Em 2020 foi lançado o segundo volume da sua Obra Poética, com chancela da Porto Editora, bem como a obra Eu Falo em Chamas, pela Fundação Cupertino de Miranda.

Em Outubro desse ano, o artista nascido a 3 de Dezembro de 1920, na Amadora, foi distinguido com a Medalha de Mérito Cultural. Artur Manuel do Cruzeiro Seixas morreu em 2020, apenas a 25 dias de completar o centenário do seu nascimento.


Com agência Lusa

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