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A criatividade não parou

«A criatividade nos ateliês dos artistas não parou». Meinke Flesseman na associação Re-Criativa, Joaquim Dias na Casa da Cultura de Mora e colectivas na Associação 289 e no Museu PO.RO.S

Exposição «Entre O Volume E O Plano… » com Jose Perozo e Eduardo J. Ortún no Museu PO.RO.S, em Condeixa-a-Nova, até 30 de Julho
Créditos / Museu PO.RO.S

Embora sabendo que não virá nenhum reforço nem respostas aos problemas apresentados ao estado pelo sector das artes, com o objectivo de reforçar a situação dos profissionais destas áreas, onde se tem sentido a redução de direitos e rendimentos, expostos pela epidemia em diversos projectos artísticos do nosso país, vamos dando informações sobre os espaços de arte e exposições, que embora todas estas dificuldades, vão resistindo e fazendo acontecer pelo país fora, desta vez vamos até Olhão, Faro, Mora e Condeixa-a-Nova e sempre com a garantia expressa dos organizadores, que em todas elas são cumpridas as directivas das autoridades de saúde, para que o público possa visitar estes espaços de arte em completa segurança, com o uso de máscara, com informação sobre o número máximo de visitantes, a higienização das mãos e o devido espaçamento.

As nossas propostas para a próxima quinzena caracterizam-se pelo regresso na apresentação de obras realizadas durante a quarentena, reagendamentos e pela afirmação da arte «como construção de uma sociedade mais humanista» em que a «criatividade nos ateliês dos artistas não parou».

A Associação Cultural Re-Criativa República 141, fundada em 2017, é uma associação em Olhão que desenvolve projetos socioculturais, tertúlias, exposições, lançamentos de livros, cinema ao ar-livre, espectáculos e encontros na área da cultura, assim como também actividades e acções de intervenção comunitária que incentivem a realização pessoal e desenvolvam a criatividade e a ocupação de tempos livres. Promovem também formação em diversas técnicas de artes plásticas, música, dança, Yoga, Capoeira, Tai-Chi e Línguas, entre muitas outras.

O edifício da Recreativa em Olhão foi mandado construir no séc. XIX pelos Conde d’Alte, e nele se instalou a Sociedade Recreativa Olhanense em 1933, mais conhecida como a «Recreativa Rica», a primeira das agremiações desse tipo que se criaram no Algarve e a quarta mais antiga de Portugal. Entretanto este edifício pertença da sociedade Leal Cabrita, Lda encontrava-se fechado e em 2017, um grupo de gente vinda de vários locais do país e alguns estrangeiros ligados a diversos projectos da música e artes plásticas residentes em olhão decidiram reabrir o edifício e criar a Associação Re-Criativa República 14.

A  programação da associação Re-Criativa apresenta neste momento a «Exposição de Meinke Flesseman – Confinamento / Strange Days», que pode ser visitada até 19 de Julho.

Meinke Flesseman diz-se «muito influenciada pelo ambiente natural e pelo relacionamento com a terra, pessoas e animais» e cria telas texturizadas em camadas, produzindo profundidade e intensidade de cor. Recentemente apresentou pinturas de paisagens marítimas solitárias e agora durante a quarentena, nestes dias insólitos, com os espaços públicos vazios de gente, criou e registou momentos e rotinas de dias estranhos.

Meinke Flesseman nasceu na Holanda, foi criada no Algarve e depois viveu e viajou pelo mundo. Estudou Artes Plásticas na academia Lorenzo di Medici, em Moscou, e na academia Ruud Wackers, em Amesterdão. Esta artista expõe desde 1998 em galerias e outros espaços de arte em diversos locais algarvios, mas também em Lisboa, Figueira da Foz, Estoril, Amesterdão e Reino Unido.

A Associação 2892, sediada no Solar das Pontes de Marchil, em Faro, voltou ao contacto com o público com a Exposição «Regresso Ao Futuro», aberta até 26 de Julho. com 57 obras de escultura, pintura, instalação, vídeo, som e desenho.

Segundo a Associação 289, esta é «uma exposição coletiva com um número alargado de artistas sediados na região algarvia e alguns convidados nacionais, de forma a afirmarmos vibrantemente o entusiasmo de viver a experiência da criatividade artística como festa e vanguarda da cultura», integrando artistas emergentes e artistas consagrados da arte moderna e contemporânea portuguesa.

Acredita ainda esta associação de artistas «que depois do período de confinamento forçado e de alguma incerteza ainda presente na crise pandémica que vivemos, temos de prosseguir o caminho da criatividade, do conhecimento e da cultura.

Se a saúde pública e a vida em sociedade ainda provocam alguma angústia em relação ao futuro queremos, enquanto associação de artistas, afirmar a arte como construção de uma sociedade mais humanista e prosseguir a nossa actividade de divulgação artística. Apesar desta parcial paralisia social, a criatividade nos ateliês dos artistas não parou, temos novas obras no domínio das artes visuais para apresentar e precisamos de voltar ao contacto com o público porque é nesse encontro que acontece a cultura e criamos futuro».

Informa ainda a Associação 289 que, no dia 1 de Agosto, vai realizar-se uma conversa com o artista Ivo Silva, um dos membros do movimento artístico Homeostético3(em 1983), além de diversas sessões de cinema de arte.

Artistas participantes: A. Pedro Correia, Ana André, Ana Rostron, André Sancho, Andreia Rafael, Angelo Gonçalves, BASAP, Bertílio Martins, Black Mendes, Bruno Grilo, Christine Henry, Corpo Atelier, Dina Palma Dias, Edgar Massul, Fernando Amaro, Fernando Brazão, GAT.UNO, Gustavo Jesus, Hélder de Sousa, Isabel Baraona, Joana R. Sá, João Ferreira, João Timóteo, Jorge Mestre Simão, Jorge Pereira, José Jesus, Leandro Marcos, Luiza Schaefer, Mafalda Santos, Manuel Baptista, Margarida Soares, Maria José Oliveira, Marta Pedroso, Miguel Cheta, Miguel Neto, Milita Doré, Patrícia Garrido, Patrícia Serrão, Paulo Serra, Pedro Cabral Santo, Pedro Cabrita Reis, Raymond Dumas, Régis Vincent, Rodrigo Rosa, RoMP, Rúben Gonçalves, Rui Sanches, Ruy Otero, Susana de Medeiros, Susana Gaudêncio, Tânia Simões, Teresa Segurado Pavão, Tiago Batista, Vasco Marum Nascimento, Vasco Vidigal, Vilma Correia e XANA.

O Hospício de São Nicolau Tolentino – atual Casa da Cultura de Mora está instalado num edifício que foi fundado em 1711 pelos Eremitas de Santo António e durante muitos anos foi um convento de frades, «em 1834, os frades foram obrigados a sair, o edifício foi colocado em hasta pública e então adquirido por particulares. Posteriormente, pertenceu aos Bombeiros Voluntários de Mora e atualmente está ao cuidado da autarquia. É aqui que se encontra em funcionamento a Casa da Cultura de Mora, com aproveitamento do espaço em várias valências: Cineteatro/Anfiteatro; Posto de Turismo; Escola de Música; Galeria de Exposições; Biblioteca e serviços Socioculturais e Desportivos da Câmara Municipal de Mora». Desde 1989 que a Casa da Cultura de Mora desenvolve uma atividade cultural regular.

A Casa da Cultura de Mora4, em conjunto com outros equipamentos culturais do concelho de Mora, depois da pandemia, reabriram a 15 de Junho, podendo agora ser visitada a Exposição de Pintura «Cores do Instante», de Joaquim Dias, na Galeria de Exposições da Casa da Cultura até 26 de Julho, onde o artista desenvolve os temas da paisagem e vida alentejana.

Joaquim Dias (Arronches-Portalegre, 1945), viveu a sua adolescência em Mora e actualmente vive em Leiria. Desenha e pinta nos tempos livres, sofreu influências do pintor alentejano João Paciência e atualmente recebe formação de técnicas de aguarela com o pintor Luso-Japonês Kaname Kano. Expôs pela primeira vez em 2018 na Galeria da Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, em Leiria.

O PO.RO.S – Museu Portugal Romano em Sicó, em Condeixa-a-Nova, ocupa o antigo solar da Quinta de São Tomé, provavelmente, construído no séc. XVI. No século XIX, o solar sofreu profundas remodelações de que são visíveis os trabalhos de alvenaria com decoração neomanuelina. O solar teve obras de recuperação entre 2011 e 2014, com o objetivo de receber o museu PO.RO.S, sendo o projeto de autoria da arquitecta Patrícia Ribeiro.

A Sala de exposições temporárias do PO.RO.S 5, apresenta a exposição «Entre O Volume E O Plano… », com escultura de Jose Perozo e pintura de Eduardo J. Ortún, até 30 de Julho.

«As paisagens, dotadas de uma singeleza complexa e carregadas de um cromatismo expressionista que convida à meditação, envolvem as esculturas oníricas e introspetivas de personagens construídas por meio da arquitectura. Tudo parece um sonho, calmo, um estado de reflexão que está além do tempo», refere o texto de apresentação.

  • 1. [1] Associação Cultural Re-Criativa República 14 – Av. da República 14 – Olhão. Horário: Quarta 10h00 às 23h00; Quinta a Domingo 17h00 às 23h00
  • 2. Associação 289 – Sítio Pontes de Marchil – antigo edifício dos comandos, IC4 – à saída de Faro. Horário: Sexta-feira a Domingo, das 15 horas às 19 horas.
  • 3. Movimento Homeostético (1983), criado na década de 80 para revolucionar o próprio conceito de arte no cenário artístico português, com uma arte de comentário e intervenção em que a dimensão irónica, o regresso ao figurativo e ao expressionismo é predominante. Este movimento foi composto por Manuel João Vieira, Pedro Proença, Xana, Pedro Portugal, Fernando Brito e Ivo Pereira da Silva.
  • 4. Casa da Cultura de Mora: Rua de São Pedro, Mora, Portugal. Horário: Segunda a Sexta: 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.
  • 5. PO.RO.S - Museu Portugal Romano em Sicó, um museu sobre a memória histórica da romanização. Morada: Avenida dos Bombeiros Voluntários de Condeixa-a-Nova, nº 41 - Condeixa a Nova. https://www.poros.pt/. Horário: terça a domingo, das 10h00 às 18h00.

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