O nome desta música é «Mãe (elegia)», por ser um poema terno e triste. Escrevi esta música a pensar nas mães do meu país. Vejo-nos nas ruas, nas escolas, nos supermercados, a fazer e a pensar, constantemente. Dedico a música a elas, a nós, mas entendo que deve ser escutada por todos, pois é dever de todos a luta pela igualdade.
Neste tempo, em Portugal, nas famílias e agregados compostos por homens e mulheres, são as mães que dedicam mais do seu tempo às tarefas comuns de toda a família. Depois de um dia de trabalho, outro começa, muitas vezes solitário e sem qualquer apoio. Em casa há afazeres domésticos, aprovisionamento, o apoio ao estudo dos filhos, os cuidados mais ou menos básicos com crianças pequenas. Há o apoio aos mais velhos, a gestão financeira, a planificação e a logística. São inúmeras e muitas vezes invisíveis as tarefas das mães em casa. Em detrimento da família, são elas que abdicam de trabalho ou de rendimento, são os pais que à custa do trabalho das mães em casa podem trabalhar mais horas ou gozar de mais tempo de lazer.
A desigualdade impede que as mulheres que são mães participem na sociedade de forma ativa. A mesma cultura que promove este desequilíbrio, exige às mães um nível de sacrifício absurdo. Se é verdade que a família é uma prioridade, ela deve sê-lo para todos e todas que decidiram construí-la, para que todas as outras atividades – trabalho, lazer, cultura e até o descanso – sejam realizados na certeza da partilha de responsabilidade.
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