A grande greve mineira de Aljustrel arrancou a 4 de Outubro de 1922, prolongando-se por quatro longos meses, marcando, a nível nacional e internacional, o inverno desse ano. «Para além de uma demonstração de grande coragem e perseverança dos mineiros, a alimentá-la teve a indispensável solidariedade de vastos sectores operários, onde a principal expressão se traduziu no acolhimento de largas dezenas de crianças por famílias solidárias de Beja, Lisboa, Barreiro» e outras zonas do País.
Nesta vila alentejana há uma concentração de partículas inaláveis (PM10) e níveis de arsénio em quantidades superiores ao definido por lei. O alerta surgiu num relatório da Universidade de Coimbra. O estudo não contempla a análise das partículas PM2,5, que são as que representam maior risco para a saúde, mas constata que «existe um problema com a quantidade de poeiras». As partículas PM10 estudadas (as segundas mais finas e mais susceptíveis de se infiltrarem no sistema respirarório) «excedem claramente» os limites permitidos por lei, assim como os níveis de arsénio. Ao tornar públicos os resultados da análise elaborada pela Universidade de Coimbra, a CDU afirma que os dados mais preocupantes foram recolhidos durante o mês de Agosto de 2020, já depois da obra de encapsulamento da zona de britagem, por parte da empresa mineira Almina, se encontrar terminada, sendo que a empreitada para minimizar a dispersão de poeiras foi concluída em Maio de 2020. «O "azar" dos aljustrelenses chega a ser tanto, que os dados actuais foram divulgados poucos dias após o término de uma consulta pública sobre o processo de licenciamento único de ambiente, relativa à actualização das capacidades instaladas da Almina, que terminou em 27 de Janeiro do corrente ano, e na qual qualquer cidadão ou entidade se podia pronunciar, e poderia assim tê-lo feito munido destas importantes informações», lê-se num comunicado da coligação PCP-PEV. Esta força política critica ainda que, decorridos dois anos e meio da reunião da Assembleia Municipal extraordinária sobre a qualidade do ar em Aljustrel, onde foi pela primeira vez reconhecida a existência de um problema ambiental, nenhuma medida tenha sido até agora aplicada na totalidade. Reforça que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo «tardam em assumir» as suas responsabilidades e que a Câmara Municipal de Aljustrel não tem sido capaz de assumir uma «postura vigorosa» em defesa do interesse de saúde da população, que convive há cerca de 12 anos com poeiras altamente nocivas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Aljustrel a braços com problema ambiental e de saúde pública
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Esta exposição, que pode ser visitada na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM/CGTP-IN) em Aljustrel (no Largo do Mineiro), das 10h às 12h30 e das 14h às 19h (excepto segundas-feira), dá expressão à vontade de um grupo informal de aljustrelenses «que pugnam pela divulgação da história da sua terra», refere a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN), em comunicado.
Aljustrel - 100 Anos, Do Fundo à Superfície, explora todo o processo que culminou na acção de luta, a greve e as suas repercussões, focando-se especialmente na forte repressão e intimidação exercida por elementos da GNR ao longo dos meses da greve, em que as forças policiais «não hesitavam em agredir e atirar disparos para o ar, sempre apoiados pela administração da empresa mineira».
A brutal repressão dos mineiros – o encerramento do sindicato, a interdição do direito de reunião e associação, a prisão de muitos trabalhadores e a fome (manipulada pelas associações patronais) – alimentou movimentos de solidariedade de trabalhadores de todo o país: «além do acolhimento das crianças em diversas casas, os operários também receberam dinheiro dos mineiros das minas de S. Domingos e do Lousal».
A greve terminou no dia 21 de Janeiro de 1923, «com o director da mina a garantir o regresso dos mineiros ao trabalho, sem represálias, embora não tivessem sido atendidas todas as suas reivindicações».
Programa de debates, teatro e cinema documental
O primeiro de quatro debates, a dinamizar no Centro de Documentação de Aljustrel, terá lugar este Sábado, dia 5 de Novembro, às 16h, com o tema «Vida Sindical, Condições de Trabalho, Saúde e Segurança». No dia 19 de Novembro, o debate «Trabalho, Luta e Resistência nas minas de Aljustrel» contará com a presença de José Pedro Soares, presidente da URAP, José Godinho, resistente antifascista e antigo presidente da Câmara Municipal de Aljustrel e Maria da Piedade Morgadinho Faustino, resistente antifascista.
O regime de reforma antecipada dos trabalhadores do fundo das minas vai ser alargado aos das lavarias e das pedreiras em Janeiro, após anos de luta pelo reconhecimento deste direito. Foram aprovadas esta tarde várias propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2019 que alargam o direito à reforma antecipada aos trabalhadores das lavarias das minas (onde é tratado o minério) e das pedreiras. A equiparação ao regime dos trabalhadores do fundo das minas era um reivindicação antiga destes trabalhadores, que passam a ter uma redução de um ano na sua idade de reforma por cada dois anos de trabalho. Após a apresentação de uma proposta do PCP, uma das primeiras a ter dado entrada, juntaram-se iniciativas do BE, do PEV, do PSD e do PS. A maioria das normas foram aprovadas por unanimidade; uma das excepções foi a eliminação do corte do factor de sustentabilidade, que actualmente é de 14,5%. Após, num primeiro momento, o PS e o PSD terem votado a favor da proposta dos comunistas, alteraram o seu sentido de voto, ficando rejeitada. A redução da idade da reforma é justificada pela elevada penosidade e pelas doenças profissionais associadas aos trabalhadores das lavarias das minas e das pedreiras, a que acresce um grau elevado de risco, como ficou demonstrado recentemente com a derrocada numa pedreira em Borba. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Trabalhadores das pedreiras e da superfície das minas alcançam vitória na reforma
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«O Movimento Operário no Alentejo – Passado, Presente e Futuro das Minas de Aljustrel» está agendado para dia 26 de Novembro, com a participação de Manuel Carvalho da Silva, antigo secretário-geral da CGTP-IN e o historiador Paulo Guimarães. Estas sessões encerram no dia 2 de Dezembro, às 20h, com o debate «Minas de Aljustrel: Que Futuro?».
O documentário de João Pedro Duarte e João Luz, de 2015, Mineiros, será exibido às 16h, no dia 12 de Novembro, explorando as questões de trabalho e a identidade das populações de Aljustrel, especialmente as ligadas ao trabalho mineiro, «as suas memórias, perspectivas e horizontes».
No dia 3 de Dezembro será presentada, no Cine Oriental, pela primeira vez em público, a peça de teatro A Mina, do grupo Lendias d’Encantar e actores amadores de Aljustrel. A peça, da autora mexicana Amaranta Osorio, tem como cenário as minas de Aljustrel, tratando «da luta dos mineiros por mais segurança e melhores condições de trabalho», refere a organização da exposição.
O espectáculo musical e artístico a realizar no dia de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros, 4 de Dezembro, assinala o encerramento da exposição.
A exposição conta com o apoio do STIM, da Fiequimetal, da União dos Sindicatos de Beja, da CGTP-IN, da Câmara Municipal de Aljustrel, das juntas de freguesia do concelho, da Almina - Minas do Alentejo, da Companhia de Teatro Lendias d’Encantar, da Rádio TLA, do Museu do Aljube, da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), da Festa do Avante! e do Grupo de Estudos do PCP, entre outras entidades.
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