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Festival de Teatro em Silves tem João Lagarto como cabeça de cartaz

O IV Acto-Festival de Teatro reúne seis grupos de teatro em Silves até 11 de Novembro. João Lagarto é cabeça de cartaz do festival, promovido pela Câmara Municipal de Silves.

Interior do Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves.
CréditosFonte: CM Silves

O IV Acto-Festival de Teatro começou ontem e prolonga-se até ao próximo dia 11 de Novembro, em Silves. O evento, promovido pela Câmara Municipal de Silves (CMS), decorre sobretudo no Teatro Mascarenhas Gregório, mas estende-se a outros espaços, como a Biblioteca Municipal de Silves e as diversas escolas desta cidade algarvia, havendo também lugar a animação de rua no centro histórico, no mercado e nas ruas de comércio. A entrada nos espectáculos é livre, limitada à capacidade dos espaços.

A iniciativa integrará diversas actividades, em que se incluem o teatro de revista, teatro de rua, teatro infantil/juvenil e workshops teatrais.

Seis grupos de teatro participam na edição de 2018: Grupo de Teatro Penedo Grande, Kopinxas, TAL-Teatro Análise de Loulé/Casa da Cultura; e Pólos de Educação ao Longo da Vida de Pêra, Tunes e Silves, estes últimos grupos de teatro sénior do concelho.

O programa detalhado do IV Acto-Festival de Teatro poderá ser descarregado no portal do Município de Silves.

João Lagarto é o cabeça de cartaz do IV Acto-Festival de Teatro

Em 10 de Novembro (sábado), o actor e encenador levará à cena a peça Lições de dança para pessoas de uma certa idade, uma adaptação do romance homónimo do escritor checo Bohumil Hrabal, no Teatro Mascarenhas Gregório, às 21h30. No mesmo dia, mas às 15h, dirige um workshop de teatro sénior, no mesmo local. Na sexta-feira anterior, dia 9 de Novembro, às 21h30, João Lagarto é o convidado para um «À conversa com...» na Biblioteca Municipal de Silves, onde, de acordo com informação recebida do pelouro da Cultura da CMS «num ambiente informal, dará a conhecer mais pormenorizadamente o seu percurso e alguns episódios da sua vida».

João Lagarto – uma longa e rica carreira artística

João Lagarto (1954) concluiu o Curso de Formação de Actores do Conservatório Nacional em 1974 e estudou com Adolfo Gutkin na Gulbenkian, em 1980/1981. Em 1975 estreou-se no teatro de revista, com Uma No Cravo, Outra Na Ditadura, da autoria de Ary dos Santos, César de Oliveira e Rogério Bracinha (ABC, 1975), peça onde também estreou Herman José. No mesmo ano integra o elenco fundador do Centro Dramático de Évora e colabora no Théatre de la Comune d'Aubervilliers (Paris), onde faz a peça de Richard Demarcy, La Nuit du 28 de Septembre.

Na sua carreira teatral integrou ou trabalhou com diversos outros grupos de teatro – como Os Bonecreiros, Os Saltitões, o Maizum (que ajudou a fundar), o Teatro da Malaposta, o Teatro Aberto, A Comuna, o Alta Recreação (que também ajudou a fundar) – e protagonizou numerosas peças.

No cinema estreou-se em 1978 com o filme Histórias Selvagens de António Campos, após o que foi dirigido por realizadores como Luís Galvão Teles, José de Sá Caetano, Monique Rutler, Joaquim Leitão, António da Cunha Telles, João Canijo, Manuel Mozos, Margarida Cardoso, José Barahona, Fernando Vendrell, Francisco Manso, Jorge Paixão da Costa, Leonel Vieira, Margarida de Medeiros ou João Mário Grilo, em mais de 50 películas nacionais, entre longas e curtas metragens, para além de ter actuado em co-produções internacionais de realizadores como Pierre Kast, Bertrand Tavernier, Walter Salles, Maria Schrader ou Bille August.

Foi apresentador de programas de televisão e actor em cerca de 80 séries e novelas televisivas – entre as quais as séries mais emblemáticas da televisão portuguesa – e em mais de 20 filmes televisivos, tendo sido dirigido, entre outros, por Luís Filipe Costa e Herlânder Peyroteo.

Foi distinguido em 2006 com o Globo de Ouro e o Prémio da Associação Portuguesa dos Críticos de Teatro para Melhor Actor, pelo seu trabalho em Começar a Acabar, de Samuel Beckett, apresentado no Teatro Nacional Dona Maria II.

As «Lições de Dança» de Bohumil Hrabal

João Lagarto traduziu, encenou e é o protagonista da peça que apresenta no Festival de Teatro de Silves. Em Lições de dança para pessoas de uma certa idade, de Bohumil Hrabal, encarna a personagem do sapateiro Jyrca, o qual, num «bar de meninas» – o Tigre de Ouro, um estabelecimento de que, segundo João Lagarto declarou em entrevista ao JN (13/06/2018), Hrabal era frequentador assíduo – discorre sobre a história da Europa Central enquanto dá conselhos às raparigas do seu tempo.

Bohumil Hrabal (1914-1997) nasceu em Brno, em território hoje situado na República Checa mas então ainda parte do Império Austro-Húngaro, e morreu em Praga – cidade onde viveu a maior parte da sua vida. Influenciado inicialmente pelo surrealismo e pelo dadaísmo, Influenciado desde cedo pelo surrealismo e pelo dadaísmo, escrevendo sobre os «horrores e bestialidades» da vida «sem perder o sentido do humor», Hrabal é frequentemente colocado ao nível de Jaroslav Hašek ou de Karel Čapek.

Vários dos seus livros foram traduzidos em português e publicados em Portugal: Comboios rigorosamente vigiados (Caminho, 1990); Uma solidão demasiado ruidosa (Afrontamento, 1992), A terra onde o tempo parou (Afrontamento, 2005), Eu que servi o rei de Inglaterra (Afrontamento, 2008), Terno bárbaro (Teodolito, 2010).

Eu que servi o rei de Inglaterra e Comboios rigorosamente vigiados foram adaptados ao cinema pelo realizador checo Jiri Menzel, tendo o filme homónimo resultante da segunda obra ganho o Óscar de melhor filme estrangeiro.

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