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Fotógrafos que desenvolvem um trabalho de proximidade com as comunidades

Associação MEF – Movimento de Expressão Fotográfica e o coletivo «Agência Calipo», e as exposições «O Imaginário do Silêncio», em Évora, e «ANIMA», de Fernando Barros e Joana Antunes, em Mirandela. 

Obra de António Couvinha. Exposição «O Imaginário do Silêncio», de António Couvinha, no Centro Interpretativo da Cidade de Évora, até 21 de fevereiro
Créditos / António Couvinha

Neste artigo vamos apresentar mais uma associação e um coletivo de artistas, ambas desenvolvem atividade na área da fotografia. Uma é o MEF – Movimento de Expressão Fotográfica1

O MEF já existe há cerca 20 anos e desenvolve trabalhos na área da imagem, com destaque na fotografia, está envolvido na procura de parcerias com instituições e associações na área da dinamização comunitária, social e cultural dirigido a «pessoas portadoras de deficiências visuais, motoras ou mentais ou pessoas social e/ou economicamente carenciadas». O MEF desenvolve Conversas Fotográficas, Workshops e Tertúlias, Ações de Formação e Passeios Fotográficos, assim como apresentações públicas e outras atividades, onde tem contado com a colaboração de diversos fotógrafos, formadores, curadores e críticos de arte, entre muitas outras personalidades do meio artístico. A Agência Calipo, fundada em 2014, é um coletivo de fotógrafos (Alice WR, Filipe Canário, João José Bica, José Vicente, Luís Vintém, Manuel Falcão Malzbender e Mário Tavares) e também se envolvem numa forte ligação à comunidade, destacando os trabalhos realizados em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa no âmbito dos Festivais MURO ou com o Centro de Artes de Aljustrel (2018), assim como projetos desenvolvidos numa perspetiva mais autoral, como o «Nocturama» (Galeria Germinal, Lisboa, 2016) ou as «Short Stories» (Biblioteca Orlando Ribeiro, Lisboa, 2018).

A exposição «Avenidas da Memória» vai estar aberta ao público até 24 de fevereiro na Biblioteca dos Coruchéus e na Livraria Barata – Lugar de Cultura em Lisboa. Esta exposição «resulta de um desafio lançado ao MEF – Movimento de Expressão Fotográfica e ao grupo Vidas e Memórias do Bairro de Alvalade / Biblioteca dos Coruchéus para que desenvolvessem um projeto fotográfico participativo e comunitário, a partir das suas vivências e memórias do território envolvente aos dois equipamentos culturais: a Livraria Barata – Lugar de Cultura e a Biblioteca dos Coruchéus».

Fotografia de Sílvia Pessoa. Exposição coletiva «Avenidas da Memória», na Biblioteca dos Coruchéus e Livraria Barata, em Lisboa, até 24 de fevereiro Créditos

A este desafio responderam 13 artistas, entre residentes do bairro e fotógrafos do MEF, apresentando-se em dois polos expositivos: na Biblioteca dos Coruchéus2, com fotografias sobre a Avenida da Igreja e no piso -1 da Livraria Barata3, com fotografias sobre a Avenida de Roma.

Salientamos que o projeto «Vidas e Memórias de Bairro», é um projeto das Bibliotecas de Lisboa e teve origem nas Oficinas Comunitárias da Memória, tendo como objetivo recuperar e divulgar histórias de vida, testemunhos, relatos e memórias importantes e relevantes relacionadas com a Lisboa de outros tempos e funciona atualmente nas Bibliotecas Penha de França, Coruchéus e Alcântara. Este projeto recebeu em 2017 uma Menção Honrosa do «Prémio Boas Práticas em Bibliotecas Públicas Municipais» atribuído pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, apresentado publicamente, na Biblioteca de Marvila.

«O Meu Bairro Sou Eu» é uma exposição realizada por artistas da Agência Calipo e decorre no espaço Avenidas4 do programa Um Teatro em Cada Bairro, até 28 fevereiro de 2023. O coletivo de fotógrafos da Agência Calipo desenvolveu um trabalho de proximidade com várias comunidades, utilizando «linguagens visuais e técnicas fotográficas muito distintas, sempre com o foco dirigido às pessoas e às suas vivências. Ao longo de algumas semanas, os fotógrafos Alice WR, Manuel Falcão Malzbender e Mário Tavares estiveram em Santos ao Rego a captar alguns rostos que dão vida a este bairro, e que ficaremos a conhecer nesta exposição», como descreve o texto da exposição.

Exposição «O Meu Bairro Sou Eu» no espaço Avenidas, do programa Um Teatro em Cada Bairro, até 28 de fevereiro Créditos

No Centro Interpretativo da Cidade de Évora5 é apresentada a exposição «O Imaginário do Silêncio» de António Couvinha, decorre até 21 fevereiro de 2023. Com esta exposição, que ocupa agora o primeiro andar do Palácio Manuel, o artista celebra 50 anos de carreira artística, em que a obra aqui exposta «abarca cinquenta anos de trabalho (de 1972 a 2022) e está organizada em dez núcleos «temáticos». Ao local onde, em 1985, apresentou a sua primeira individual («Sinais»), o artista volta agora com este vasto conjunto de cerca de uma centena de trabalhos. A linha condutora da sua obra gráfica, bem percetível nesta recolha, é o desenho, com o traço a sobrepor-se à cor; sintetizando, o que o artista nos mostra são desenhos, desenhos pintados e pinturas desenhadas», segundo um texto de Manuel Branco.

«Aqui ficam estes desenhos e estas pinturas, como peças de um puzzle desfeito, apelando à vossa imaginação. Tudo feito em silêncio. O silêncio foi quase sempre o cenário acústico dos meus trabalhos», assinalou António Couvinha.

O Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes6 em Mirandela apresenta a exposição «ANIMA» de Fernando Barros e Joana Antunes, que poderá ser visitada até 3 de março. Nesta exposição podemos encontrar um «encontro e diálogo entre as esculturas totémicas de Fernando Barros e as pinturas oníricas de Joana Antunes, dois artistas plásticos contemporâneos fiéis aos seus imaginários, à pureza das ideias, à abstração e simplificação das formas, à força das cores», referido no texto da exposição.

Exposição «ANIMA» de Fernando Barros e Joana Antunes, no Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes, em Mirandela, até 3 de março Créditos

A exposição integra 31 obras, com 15 esculturas de Fernando Barros e 17 pinturas de Joana Antunes e muitas histórias contadas pelas esculturas criadas em madeira pelo escultor, que nos conduzem à natureza, «uma floresta de figuras humanóides marcadas por uma paleta cromática» e quanto às pinturas de Joana, embora à primeira vista «pareçam ser caóticas, o caos, contudo é apenas aparente, as pinturas são representações do cotidiano e dos sentimentos. As telas transportam-nos para diferentes lugares, somos enredados pela explosão de cores quentes e pela delicadeza do traço», como registámos num vídeo que apresenta a exposição.

Fernando Barros, natural de São Simão, Amarante (1951) desenvolve o seu trabalho artístico em escultura e pintura, onde «cruza mitologias locais… com a genuinidade do puro ato e vontade de materializar uma vontade interior, que se traduz sempre através de pedaços ou troncos de madeira» (Bonioso, 2021). Em 2006, Fernando Barros recebeu formação de desenho e pintura, orientada por Teresa Silva e Alberto Péssimo na Cooperativa Árvore onde, ao longo de 13 anos, tem um atelier na freguesia da Lomba e já participou em mais de uma centena de exposições coletivas e individuais, no país e no estrangeiro, destacando «Puro e Bruto» (2021), Sambade (Alfândega da Fé), e «Circular» Campus de Santiago, Universidade de Aveiro (UA) (2022).

Joana Antunes (n. Amarante,1979) reside em Felgueiras desde 2006. Aos 16 anos, iniciou a sua carreira artística, debruçando as suas visões nos suportes de pintura, escultura e mais recentemente na ilustração digital. Em 2019 ilustrou dois livros infantis, À Descoberta do Foral de Felgueiras, da autora de Raquel Brochado e Águas de Infância, livro de poesia infantil da autoria de Nuno Higino. Em 2020 ilustrou o livro Premiado – 3.º Prémio de Literatura Infanto Juvenil Ilídio Sardoeira 2020 – Amarante. Participação em várias exposições coletivas e individuais ao longo destes anos, nas diferentes áreas artísticas, pintura, escultura e ilustração, onde a narrativa suporta um conjunto de metáforas onde as sensações provocadas pela mescla abundante de cores, amplifica o sentido das ideias.

Referimos ainda que Joana Antunes participa atualmente na exposição «MUSE, Homenagem a Teixeira de Pascoaes», até 19 de fevereiro no Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso, em Amarante, e que integra obras de 21 artistas.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1. MEF - Rua Norte Júnior, n.º 17 A/D, r/c, loja 1. 1950-205 Bairro dos Lóios – Lisboa
  • 2. Biblioteca dos Coruchéus - Palácios dos Coruchéus, R. Alberto de Oliveira, 1700-019 Lisboa. Horário: segunda a sábado, das 10h – 18h
  • 3. Livraria Barata – Lugar de Cultura, Av. de Roma 11-A, 1049-047 Lisboa. Horário: segunda a sábado, das 10h às 20h, e domingos, das 10h às 19h
  • 4. Avenidas - Rua Alberto de Sousa, 10 A – Lisboa. Horário: segunda a sexta, das 9h às 19h
  • 5. Centro Interpretativo da Cidade de Évora - Palácio D. Manuel - Jardim Público de Évora - Rua 24 de Julho 1, 7000-650 Évora. Horário: segunda-feira a sábado, das 9h30 às 12h30, e das 14h às 18h
  • 6. Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes - Rua Coronel João Maria Sarmento Pimentel, 168
    5370, Mirandela. Horário: segunda a sexta-feira, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30

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