Foi no passado dia 2 de Março, em Leiria, que Celeste Amaro, directora regional da Cultura do Centro, afirmou que as estruturas que solicitam financiamento público são um «incómodo» para o Estado.
«Vim cá a Leiria porque, por incrível que pareça, não me pediram dinheiro. Como é possível? Ainda por cima na área do teatro! Foi algo que me tocou bastante. É uma lição de como um grupo de teatro profissional, com três actores, que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central», admitiu.
Como se não bastasse, os signatários da petição dirigida ao ministro da Cultura sublinham que a governante «insinuou ainda que as estruturas que concorrem a apoios públicos não querem trabalhar».
No documento recordam que o financiamento público da cultura, incluindo o apoio financeiro a estruturas de criação artística, «é uma das formas de o Estado contribuir para a democratização do acesso à criação e à fruição das artes, desígnio constitucional de que o País se deve orgulhar», assim como para «garantir uma oferta diversificada, de qualidade, a preços comportáveis, dirigida a públicos plurais e distribuída geograficamente de uma forma equilibrada».
O Núcleo de Coimbra do Manifesto em Defesa da Cultura realça que, «ainda que de uma forma que muitos de nós consideramos insuficiente», o actual Governo iniciou um processo de recuperação dos níveis de financiamento público das artes, «reconhecendo os efeitos devastadores dos cortes que nesta área foram feitos a partir de 2010», recordando o concurso que agora decorre para financiar projectos artísticos plurianuais, no âmbito do novo Regulamento de Apoio às Artes, aprovado em meados do ano passado.
«Foi por isso com perplexidade que tomámos conhecimento das declarações feitas [...] pela Dra. Celeste Amado», lê-se na petição, denunciando de seguida que, «em face da atitude que elas revelam [...] não tem condições para continuar no cargo».
Até ao momento, subscrevem a petição, entre outros, a professora coordenadora da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, Eugénia Vasques, a jornalista Diana Andringa, a actriz Joana Manuel, a ilustradora Ana Biscaia, o dramaturgo Abel Neves e a actriz Sofia Lobo.
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