|Agustina Bessa-Luís

Morreu Agustina Bessa-Luís

A escritora Agustina Bessa-Luís morreu em sua casa, no Porto. Tinha 96 anos. Calou-se uma das vozes mais singulares da literatura portuguesa contemporânea. O dia das suas exéquias será de luto nacional.

Agustina Bessa-Luís em foto de arquivo, datada de 25 janeiro 2015. A escritora morreu, no Porto, aos 96 anos, a 03 junho 2019.
CréditosJoão Relvas / LUSA

A escritora Agustina Bessa-Luís morreu hoje em sua casa, no Porto, aos 96 anos, disse à Lusa fonte da família. As cerimónias fúnebres realizam-se na terça-feira e repartem-se entre o Porto e o Peso da Régua, segundo a mesma fonte.

O corpo estará em câmara ardente na Sé do Porto, a partir das 10h30 e até às 16h de terça-feira, ocasião em que serão celebradas exéquias solenes presididas pelo Bispo do Porto, findo o que o cortejo fúnebre partirá para o cemitério do Peso da Régua, onde, segundo um comunicado do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, o corpo será sepultado «na intimidade da família».

O dia dos seus funerais será declarado de luto nacional.

Agustina Bessa-Luís nasceu de família abastada a 15 de Outubro de 1922 em Vila Meã, Amarante, distrito do Porto, nessa antiga província do Entre-Douro-e-Minho que, com a região duriense onde passou largas temporadas na infância e adolescência, viria a marcar profundamente a sua escrita.

Estreou-se em 1948 com a novela Mundo Fechado, naquele que seria o primeiro passo de uma prolífera carreira na escrita, repartida entre diversos géneros: ficção na esmagadora maioria mas também ensaio, biografia – e autobiografia, lembre-se O livro de Agustina – literatura infanto-juvenil, crónicas, teatro e guiões de cinema.

A notoriedade chega-lhe aos 31 anos, em 1954, com a publicação do romance A Sibila, acolhido com os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz. Mais de uma dúzia das suas obras foram premiadas. É um dos poucos autores a ter recebido duas vezes o Grande Prémio de Romance e de Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE), com Os Meninos de Ouro (1983) e Jóia de família (2001). Com O Mosteiro (1980) reuniu os prémios PEN Clube Português de Ficção e Dom Dinis, da Fundação Casa de Mateus. Ganhou o prémio da Crítica, promovido pelo Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, com Ordens Menores (1993) e o União Latina de Literaturas Românicas, em Itália, com Um Cão que Sonha (1997), apenas para não sermos exaustivos.


Várias das suas obras tiveram adaptações cinematográficas, desde Francisca (1981), uma adaptação do romance Fanny Owen por Manoel de Oliveira, até A Corte do Norte (2009), realizado por João Botelho sobre o romance com o mesmo nome publicado em 1987. Recentemente (Março de 2019) estreou-se nas salas de cinema A Portuguesa, de Rita Azevedo Gomes, inspirado num conto de Robert Musil com adaptação e diálogos de Agustina Bessa-Luís.

Recebeu, pelo conjunto da obra, diversos prémios, entre os quais se destacam o prémio Adelaide Ristori do Centro Cultural Italiano de Roma (1975), os prémios Camões e Virgílio Ferreira (ambos em 2004) e o prémio Eduardo Lourenço (2015). Recebeu a Medalha de Mérito Cultural em 1993.

Foi condecorada em 1981 como Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, a distinção foi elevada a Grã-Cruz em 2006. Recebeu da França a Ordem das Artes e das Letras, com o grau de Cavaleiro (1989).

A cidade do Porto concedeu-lhe a Medalha de Honra da Cidade em 1988 – o amor entre a cidade e a escritora foi recíproco.

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