O espectáculo fala de um êxodo, do sair de um lugar e ir para outro, ou seja, de migrantes e refugiados, disse à agência Lusa o encenador da obra, Miguel Jesus.
«A peça fala sobre a situação actual dos migrantes, mas este tema também parece ser uma situação congénita» à própria humanidade, frisou.
«Esta circulação de pessoas, que faz parte da natureza humana, muitas vezes pelas piores razões, leva-nos a pensar que não conseguimos criar mecanismos para ultrapassar isto», acrescentou Miguel Jesus.
Antes do Mar acaba assim por ser também «uma provocação e uma reinvenção da nossa forma de lidar com os paradigmas religiosos, sociais, da tribo, entre outros», acrescentou.
Quase todo o processo criativo da peça, que começou a ser ensaiada no primeiro dia do estado de emergência, 19 de Março, foi realizado online.
«Tivemos sorte de o início dos ensaios coincidir com o início do estado de emergência, e assim fomos conseguindo pensar em soluções que fomos aproveitando para esclarecer melhor aquilo que temos feito», referiu.
Questionado sobre como vão levar a peça à cena, Miguel Jesus, que também é responsável pela dramaturgia, disse que vai tratar-se de um espectáculo ao ar livre e que, em princípio, os espectadores vão começar a vê-lo a uma distância de 100 metros.
Esta distância acaba por fazer com que o espectador veja muito ao longe o que está a passar-se, fazendo com que também possa pensar que não é uma situação que se passa connosco.
«O que acaba por não ser verdade, porque num mundo global tudo diz respeito a todos», sublinhou.
A peça não estará em cena na sede de O Bando, em Palmela, mas num terreno vizinho, para que não exista espaço de proximidade entre os espectadores, disse Miguel Jesus.
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