|Sugestões culturais

24 a 30 de Setembro

Pós-laboral #3

Ficções em vários formatos que nos mostram o concreto e o abstracto de lugares, coisas, sentimentos e memórias. Agenda para uma semana descentralizada e interiorizada. Cuidado com os vampiros, chamem a GNR!

«Os Vampiros», de Filipe Melo e Juan Cavia
Créditos

Nos palcos: 

1) «Esta é a minha cidade e eu quero viver nela». Depois de Viseu e Porto, desta vez a cidade é Lisboa. A proposta do Teatro do Vestido é que partamos do Teatro Nacional D.Maria II à (re)descoberta da cidade, dos seus cantos mais escondidos e das suas memórias mais ou menos esquecidas. Hoje, sábado, 24, é o último dia. Como já perdi o de Viseu, não quero perder este. Ninguém me mandou deixar para hoje o que podia ter feito ontem, e eu que ando a precisar tanto de redescobrir o prazer de viver em Lisboa...

2) 35 anos é muito ano de GNR. Efectivamente cresci com cágados de pernas para o ar e a desejar Portugal na CEE. Efectivamente, agora, sempre que vejo um cágado em dificuldades trato de o auxiliar e já percebi que Portugal na CEE é só mesmo um desejo pop muito mais negro que rosa. Ainda assim continuo a trautear GNR e a preencher o meu presente com todas as memórias que nos deram. Andam em comemorações de aniversário um pouco por todo o país, hoje é em Resende, às 23h30 na Festa da Labareda. Sem moralizar, sempre.

Nas folhas: 

Filipe Melo é pianista, realizador, co-apresentador de podcasts, tem barba (conforme os dias) e também é argumentista de banda desenhada onde mais uma vez trabalha com o desenhador argentino Juan Cavia. Agora não há «Dog Mendonça» nem «Pizzaboy», agora as aventuras são d'«Os Vampiros» (Tinta da China), sim, por causa do Zeca. Uma banda desenhada sobre nove soldados portugueses na Guerra Colonial. A missão é atravessar a fronteira da Guiné-Bissau para o Senegal. 

Com a guerra vem a morte, o medo, a estupidez humana, o sofrimento e as feridas que ficam, mesmo as que não vemos. Ainda temos muita pele para lamber até que sarem todas. Pelo menos até que mais ninguém lhe chame Guerra do Ultramar.

No dia 30 de Setembro, na Biblioteca José Adelino dos Bombeiros Voluntários, «Os Vampiros» apresentam-se em Canas de Senhorim. 

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Nos ecrãs: 

1) «You talkin' to me? You talkin' to me? Well I'm the only one here...» 40 anos de Taxi Driver. Anda por aí uma versão restaurada. Assim de repente, está no Nimas, em Lisboa, desconheço se noutras partes do país. Para quem já viu e para quem não viu, não percam a oportunidade de ver ou rever um daqueles filmes obrigatórios. Robert de Niro a falar para um espelho, Jodie Foster como prostituta nos seus verdes 12 anos, um sempre «no ponto» Harvey Keitel e muitíssimo mais que (só) isto, tudo pela lente de Scorcese. 

2) Para quem gosta de cinema em casa e em família, sugiro para a tarde de domingo, no Cinemundo, às 15h50, Where the wild things are (O sítio das coisas selvagens), de Spike Jonze. Max foge de casa e encontra o tal sítio, uma ilha onde acaba por ser coroado rei. Um filme sobre solidão, amizade e a esperança da felicidade. E já agora, sobre o viver em comunidade, o que não é nada fácil. Para os mais graúdos, um conselho, não se acanhem nem se sintam envergonhados de soltarem uma lágrima ou outra, é saudável, pelo menos alivia...

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