Na terça-feira de manhã, «206 colonos israelitas andaram pelo complexo da Mesquita de Al-Aqsa, protegidos por forças especiais israelitas e pela Polícia», precisou o director do complexo, xeique Omar al-Kiswani, em declarações à agência Ma'an. Na segunda-feira – primeiro dia das festividades judaicas de Sukkot –, foram 43.
O complexo da Mesquita de Al-Aqsa, localizado no bairro da Cidade Velha de Jerusalém Oriental ocupada, tem sido alvo de incursões frequentes por parte de colonos e extremistas judeus. Al-Kiswani afirmou que organizações de direita têm apelado aos israelitas para que visitem a mesquita durante as festividades judaicas, depois de terem recebido garantias do Exército de Israel de que qualquer judeu ali poderia entrar.
Criticando as acções levadas a cabo por Israel naquele espaço, Al-Kiswani disse ainda que os polícias israelitas estacionados nos portões do complexo apreenderam os cartões de identidade aos fiéis muçulmanos antes de os deixar entrar na mesquita.
Testemunhas disseram à Ma'an que as incursões israelitas «eram uma grande provocação» e que muitos dos colonos tentaram realizar rituais religiosos, violando assim o acordo estabelecido entre Israel e o Fundo Islâmico (Waqf) encarregado do complexo da Mesquita de Al-Aqsa, que proíbe orações não muçulmanas no local.
Desde o início do mês, com o Rosh Hashanah, que marca o início de três festividades judaicas sucessivas, os residentes palestinianos em Jerusalém Leste ocupada têm sido confrontados com incursões de grandes grupos extremistas israelitas, que tentam rezar no complexo, e com o aumento da presença da Polícia israelita.
Na semana passada, no âmbito da festividade judaica do Yom Kippur, as forças israelitas reforçaram as operações de segurança em toda a Margem Ocidental ocupada, em Jerusalém Leste e no distrito da Grande Jerusalém.
O complexo de Al-Haram al-Sharif
O complexo de Al-Haram al-Sharif (Nobre Santuário), que inclui a Cúpula da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa, é o terceiro local mais sagrado do Islão. Situa-se logo acima da Praça do Muro Ocidental e é também venerado como lugar sagrado pelos judeus, que lhe chamam Monte do Templo, uma vez que crêem que outrora aqui se situavam o Primeiro e Segundo Templos – este último foi destruído pelos romanos em 70 d.C.
As visitas judaicas ao complexo são permitidas, mas o culto não muçulmano é proibido, nos termos de um acordo assinado entre Israel e o governo da Jordânia depois da ocupação ilegal de Jerusalém Oriental por Israel, em 1967.
Apesar deste acordo, as autoridades israelitas autorizam regularmente as visitas ao local de colonos e elementos de extrema-direita, que procuram desestabilizar a situação; estas visitas coincidem com fortes restrições impostas à população palestiniana, que por vezes fica proibida de aceder ao local e é sujeita a detenções.
As tensões em torno do complexo de Al-Aqsa foram um dos principais factores que contribuíram para o aumento da agitação iniciada em Outubro do ano passado, na sequências das visitas frequentes ao local por parte de extremistas israelitas.
Resolução da Unesco
Recentemente, o Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aprovou uma resolução, intitulada «Palestina ocupada», na qual Israel é definido como «potência ocupante» e em que são feitas diversas críticas às políticas israelitas relativamente ao complexo da Mesquita Al-Aqsa/Al-Haram Al-Sharif, nomeadamente as «invasões constantes por elementos de extrema-direita, forças policiais e militares», a restrição do acesso aos crentes muçulmanos e a não atribuição de vistos a especialistas da Unesco que trabalham em temas ligados à mesquita.
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