A Redfish foi, no último ano, alvo de uma censura sem precedentes. Proibida a nível mundial no YouTube, Facebook e Instagram, na União Europeia, nos Estados Unidos e no Reino Unido, a plataforma de conteúdos online pertencente à Ruptly, subsidiária do canal russo RT, esteve a lutar para voltar, mas a censura teve os seus impactos.
Constituída em 2017, a Redfish chegou a ser premiada pelos seus conteúdos de documentário e procurava expor as várias lutas pelo mundo fora, colaborando com quem delas fazia parte, dando-lhes voz. Com a guerra na Ucrânia, as instituições políticas ocidentais viram em plataformas como a Redfsih uma ameaça à narrativa que estavam a tentar impor. Desta forma, e num jogo de cintura pouco visto, foi aprovado o Regulamento 2022/350 do Conselho Europeu que visou «introduzir novas medidas restritivas a fim de suspender urgentemente as atividades de radiodifusão» do que consideravam ser «ações de propaganda» que eram feitas «através de diversos meios de comunicação social sob o controlo direto ou indireto permanente dos dirigentes da Federação da Rússia».
Sem provas concretas, apenas ímpetos ao estilo macartistas, o tal Regulamento, limitou a liberdade de expressão e informação nos espaços que dizem lutar pelas mesmas. Os impactos foram imediatos e as consequências começam a ser cada vez mais visíveis.
Esta semana a Redfish lançou um comunicado onde deu a conhecer que graças à censura da União Europeia foram obrigados a fechar. No comunicado pode-se ler a denuncia de toda a operação levada a cabo pela UE, EUA e diversas multinacionais como a Meta ou Google para condicionar a informação, puxando para si toda a verdade (ou melhor, pós-verdade) com a sua própria verificação de factos e definição de valores e padrões morais.
As acusações da Redfish não se situam somente na actualidade e é identificado um vasto conjunto de momentos e elementos, como os Twitter Files, que desaguaram na suposta legitimidade institucional para censurar: «Muitas destas ferramentas de censura a que estávamos sujeitos antes da eclosão da guerra na Ucrânia, incluindo etiquetas de aviso, restrições de contas nos meios de comunicação social, constante remoção arbitrária de conteúdos que obedecem aos termos e condições das plataformas, e proibições sombra, - quase sempre sem mecanismos de recurso».
Apesar da Redfish não constar na lista de Órgãos de Comunicação Social a serem silenciados isso «não impediu que as várias instituições» em que a plataforma de conteúdos confiava para as suas operações comerciais diárias «fizessem tudo» para tornar o trabalho impossível. Segundo o comunicado «no espaço de semanas após o início da guerra, o grande banco alemão Sparkasse congelou ilegalmente a nossa conta, alegando "sanções"».
Mesmo tendo conseguido contrariar essa dificuldade, «a Wise, uma plataforma de transferência de dinheiro, começou a reter os pagamentos» que a Redfish tinha feito a jornalistas freelancers, «pondo em risco a sua subsistência». Para além deste premeditado ataque «os bancos de todo o mundo começaram cada vez mais a recusar-se a processar pagamentos» a pessoas que trabalharam para a plataforma e segundo uma fonte da Redfish que trabalhava num desses bancos, tal aconteceu «devido à pressão dos governos ocidentais».
A impunidade da censura foi óbvia, mas quem trabalhava para a Redfish não irá baixar os braços, segundo o comunicado. O comunicado termina com a promessa que antigos membros da equipa estão a utilizar a experiência adquirida na redfish e estão a construir uma nova plataforma independente chamada red. e que poderá ser seguida no TikTok, Twitter, Instagram, Facebook e Youtube ou através do seu website.
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