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Centenas protestam em Santiago do Chile contra a fome

Na comuna de El Bosque, região metropolitana de Santiago, centenas de pessoas desafiaram a quarentena decretada pelo governo na sexta-feira para protestar contra a falta de alimentos e de apoios.

Centenas de pessoas protestaram contra a pobreza, a fome e a falta de ajudas em tempo de quarentena, na comuna de El Bosque (Santiago do Chile)
Créditos / republica.gt

Apesar do confinamento obrigatório a que estão sujeitos desde dia 15, muitos habitantes da comuna de El Bosque, localizada na zona Sul da área metropolitana da capital chilena, vieram para as ruas protestar, esta segunda-feira, contra a pobreza e a falta de alimentos e de ajudas das autoridades que lhes permitam fazer frente à quarentena.

Frente à sede do Município, os habitantes declaram à comunicação social que muitos ficaram sem emprego e que outros não podem trabalhar por causa da quarentena decretada, refere a Prensa Latina. Alguns precisaram, no entanto, que o seu protesto não se dirigia contra a quarentena mas, sim, contra a fome e as péssimas condições de vida, que se agravaram com as restrições sanitárias e o distanciamento social.

Outros indicaram que não receberam qualquer dos apoios ou subsídios anunciados pelo governo do Chile nas últimas semanas para as camadas mais desfavorecidas; os mais velhos sublinhavam que as prensões que recebem «não dão para nada», revela a mesma fonte.

No decorrer dos protestos, registaram-se fortes confrontos com os Carabineiros que foram enviados para o local para dispersar os manifestantes, recorrendo a canhões de águas e a gás lacrimogéneo. Os manifestantes, que cortaram o trânsito em várias ruas erguendo e incendiando barricadas, responderam-lhes arremessando pedras e outros objectos.

Ajuda não chega

Estes protestos ocorrem poucas horas depois de o presidente chileno, Sebastián Piñera, ter anunciado várias medidas para fazer frente à pandemia de Covid-19, incluindo a distribuição de 2,5 milhões de cabazes de alimentos às famílias mais pobres do país austral.

No entanto, os participantes nos protestos referiram que estão a passar fome e necessidades, sublinhando que as ajudas do governo demoram muito a ser entregues ou simplesmente não chegam aos destinatários.


A medida foi também criticada por antigos ministros, economistas e académicos, que a classificaram como um «paliativo menor» e sublinharam a necessidade de o governo chileno criar um apoio mínimo, durante a quarentena, que «dê tranquilidade às famílias para fazer frente a estes tempos de pandemia».

O presidente da autarquia de El Bosque, Sadi Melo, criticou o governo por ter reduzido as verbas destinadas aos municípios, no momento em que mais falta fazem para ajudar os que precisam, informa a Prensa Latina.

Disse ainda que, só na comuna de El Bosque, vivem mais de 20 mil pessoas, que praticamente ficaram sem recursos para subsistir sem ir trabalhar, uma situação que é «muito complexa e grave».

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