Escreveu o poeta Ruy Belo "mas isso era o passado e podia ser duro edificar sobre ele o portugal futuro". Um futuro que ontem apareceu num relvado do Catar com a cara sorridente do presente. Um outro Portugal era mesmo possível. Um Portugal onde são premiados aqueles que podem fazer melhor, oferecendo-lhes responsabilidades e condições para mostrar o seu valor. Um Portugal que abre portas para a afirmação do seu talento, gerindo-o em condições, alimentando ideias que permitem obter melhores resultados.
É o Portugal que ambicionamos para além do futebol. Um Portugal que respeita as suas figuras, mas não hesita em encontrar os elementos que prometem um futuro mais risonho. Há um claro odor a justiça em tudo aquilo que vimos acontecer frente à Suíça. Era evidente para quem via os jogos, analisava os dados. Transformou-se numa receita simples para ultrapassar um adversário que prometia dificuldades e transporta-nos para um confronto com Marrocos que também escreveu uma página histórica no dia de ontem.
Haverá tempo para olhar para o caminho que Portugal tem a fazer neste Mundial. Mas é importante olhar para a oportunidade de transformação que estas semanas nos tem oferecido. Um Mundial que nasceu torto, mas que não deixa nunca de ser um palco onde o mundo lê as suas tendências, prova as suas agruras, desenha as suas saídas. O que fica para trás e o que aí virá em cruzamento. Podia ser duro, mas também imperativo, assim construir o futuro que desejamos.
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