Ao contrário do que prometeu ao seu sucessor, através de uma carta, quando assumiu o cargo internacional no banco de investimento Goldman Sachs, Durão Barroso tem andado pelos corredores da Comissão Europeia a fazer lobby.
A informação foi divulgada pelo comissário finlandês Katainen, com a pasta do Emprego, que chegou a Bruxelas ainda durante os últimos meses da presidência de Barroso. De acordo com o euobserver, o comissário confirmou ter-se encontrado com o agora banqueiro em Outubro do ano passado, para discutir «essencialmente matérias de Defesa e de Comércio».
Nos registos oficiais, não há qualquer referência a Durão Barroso, mas apenas à Goldman Sachs. Também não há quaisquer documentos relativos à reunião, já que Katainen afirma não ter como hábito tirar notas nos encontros e não o ter feito neste, em particular.
Recorde-se que Barroso tinha assumido o compromisso de não fazer lobby junto de Bruxelas, o que contribuiu para que a investigação à sua ida para a Goldman Sachs fosse arquivada.
A investigação concluiu que Barroso «não violou o seu dever de integridade e discrição», previsto nos tratados. Essa conclusão poderá ser, agora, reavaliada, à luz das informações conhecidas hoje.
A contratação do ex-primeiro-ministro português pelo gigante da finança gerou especial polémica por a Goldman Sachs ter sido um dos principais responsáveis pela ocultação da dívida pública grega.
Em Portugal, o PS já anunciou a intenção de liberalizar a prática do lobby – passando a bastar um registo como «mediador de representação de interesses» para que privados possam vir a influenciar a tomada de decisões públicas.
Os defensores da liberalização do lobby argumentam com uma maior trasnparência – argumento desmentido pela própria situação de Barroso – e com a regulação de uma actividade que já existe. Ou seja, em vez de combater a corrupção e o tráfico de influências, dar-lhe um outro nome e um selo de legalidade.
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