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Escola Latino-Americana de Medicina: uma rede de médicos pelo mundo

Mais de 30 mil médicos integram hoje a lista de estudantes que se formaram na Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) de Cuba, uma rede que leva os serviços de saúde a diversas partes do mundo.

A ELAM foi fundada em 15 de Novembro de 1999, depois de Fidel Catsro ter proposto formar estudantes de medicina estrangeiros em Cuba 
CréditosJorge Pérez / Prensa Latina

Não é por acaso que nos dias de hoje se tem conhecimento de graduados na ELAM na primeira linha do combate à pandemia de Covid-19, ou do grupo de profissionais formados nessa instituição que prestaram assistência à população do Haiti depois dos terramotos ocorridos nesse país das Caraíbas em 2010 e em Agosto último.

A história – lembra a agência Prensa Latina – começou quando os furacões George e Mitch devastaram a América Central, em 1999, com o saldo de vítimas a rondar os 10 mil mortos e desaparecidos.

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Médicos cubanos continuam a cuidar das pessoas no devastado Sul do Haiti

Três semanas depois do sismo devastador, os médicos de Cuba continuam a dar resposta às necessidades da população nos locais mais afectados do país, acompanhando as primeiras vítimas do terramoto.

Médica cubana no Haiti 
Créditos / Prensa Latina

O sismo de 14 de Agosto provocou mais de 2200 mortos e 12 700 feridos nos departamentos Sul, Nippes e Grand’Anse, onde a Brigada Médica de Cuba (BMC) tem especialistas há duas décadas.

Depois dos dias cruciais que se seguiram ao sismo, quando atenderam diariamente centenas de feridos para salvar as suas vidas, os médicos estão agora a realizar cirurgias «para devolver o paciente à sociedade o mais rapidamente e recuperado possível», disse à Prensa Latina a enfermeira Marjoris Sánchez.

Esta especialista deslocou-se da capital, Porto-Príncipe, até ao sul do país logo no dia do tremor de terra.

Nesta nova fase, é fundamental o contributo da Brigada Henry Reeve, que chegou ao país no dia 25 de Agosto e, desde então, se inseriu nos hospitais de referência de Jeremie, Corail, Port Salut e Les Cayes – tendo sido esta última cidade a mais atingida pelo movimento telúrico de 7,2 na escala de Richter.

Pessoal cubano da saúde a consultar pacientes no Sul do Haiti / Prensa Latina

«São cirurgiões, ortopedistas, anestesiologistas, licenciados em traumatologia, que são de vital importância tanto nesta etapa como nos momentos futuros, porque as pessoas continuam a adoecer», explicou à sua chegada o chefe da BMC, Luis Orlando Olivero.

A enfermeira Sánchez confirmou que os médicos cubanos já ganharam o afecto da comunidade, e que continuam a consultar a população que, por razões diversas, não se dirigiu aos centros de saúde após o terramoto. «Foram-se integrando na comunidade com excelente aceitação porque as pessoas destes lugares agradecem a presença dos cubanos», disse.

Ao trabalho diário juntam-se tarefas de prevenção, um dos pilares da Brigada Médica e que aproxima os especialistas das pessoas, na medida em que os médicos visitam as suas casas e procuram saber de doenças do foro respiratório ou diarreias que podem aparecer após grandes eventos como o terramoto recente, transformando-se depois em grandes epidemias.

É um trabalho que realizam desde que se fixaram nestas aldeias, algumas delas bem distantes das cidades, mas que, sublinha a agência cubana, em momentos como este também representa um «raio de esperança» para quem perdeu muito.

A Brigada Henry Reeve é especializada precisamente em situações de desastres, tendo sido constituída em 19 de Setembro de 2005 por iniciativa do líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro.

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Cuba enviou brigadas médicas para zonas afectadas na região e o presidente Fidel Castro propôs dar início à formação, em Cuba, de médicos desses países, uma ideia concretizada com a fundação da ELAM, no dia 15 de Novembro desse ano.

A médica Yoandra Muro, reitora dessa universidade internacional, explicou à agência cubana que a escola começou com uma representação de 18 países e que neste momento há graduados provenientes de 117, de todos os continentes.

Recentemente, ao curso de Medicina da instituição foi reconhecido o estatuo de «excelência» pela Junta de Acreditação Nacional, órgão que deve avaliar os altos padrões de qualidade nos centros de ensino superior na maior das ilhas Antilhas.

Alguns dos que por ali passaram ocupam hoje posições de liderança a nível internacional, de que são exemplo dois representantes da Organização Panamericana da Saúde; um formado que participou na criação da vacina russa Sputnik V contra a Covid-19; e a médica Ariana Campero, que foi ministra da Saúde da Bolívia e depois embaixadora do país andino em Cuba.

Conhecimento da saúde e da sociedade cubana

A estudante colombiana Cindi Paola afirma que a decisão de estudar na ELAM «vem desde que tinha sete anos, quando via os aviões que passavam cheios de médicos cubanos pela sua terra de Río Blanco, a sul de Tolima, e dizia a si mesma que queria ser como eles».

A jovem faz parte dos 2171 estudantes matriculados, 485 dos quais fazem estudos de pós-graduação, refere a fonte. A formação na escola conjuga o conhecimento em profundidade do sistema de saúde com o da sociedade cubana, uma vez que, a partir do terceiro ano, os estudos prosseguem em centros de ensino de ciências médicas de todo o país.

«Os cubanos têm uma característica, que é a sua vontade de ajudar. Surpreendeu-me como, mesmo com as carências resultantes do bloqueio, eles partilham connosco o que têm», disse o estudante palestiniano Salett Hethnawi.

Os professores – 64 doutores em Ciências –, juntamente com o desenvolvimento de um programa de actividades docentes e extracurriculares, permite complementar uma formação humana e académica, indica a Prensa Latina.

Isto mesmo foi confirmado por Mohamed Nejem, também proveniente da Palestina, para quem «na ELAM não apenas se aprende medicina, mas também a simplicidade, a humildade e o respeito por outras culturas, religiões e crenças».

No actual ano lectivo, estão matriculados 2171 estudantes, de 90 países / Prensa Latina

Entre 400 e 500 bolsas atribuídas anualmente

Sobre os requisitos para a entrada na instituição, a reitora disse que são atribuídas entre 400 e 500 bolsas anualmente, e os aspirantes devem ser pessoas com baixos rendimentos económicos e ter um título de bacharelato.

Os Estados Unidos estão entre os países presentes na ELAM desde o seu início, graças aos esforços do reverendo norte-americano Lucius Walker e ao projecto Pastores pela Paz, que possibilitaram a chegada dos primeiros estudantes dos EUA.

Existe a modalidade de estudo totalmente gratuita, na qual se integra a maior parte dos estudantes; a de convénio, em que os governos cobrem as despesas do curso; e a dos alunos autofinanciados.

Esta última modalidade – a que tem menos estudantes (84 em 2171) – mostra o prestígio da instituição a nível internacional, pois, referiu a reitora, estes jovens escolhem estudar em Cuba.

«Tenho planos de regressar quando me graduar e continuar estudos de pós-graduação», disse o ganês Ayamerath Kwadwo, enquanto para Leonel Omar a prioridade será voltar às Filipinas «para ajudar as comunidades mais necessitadas».

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