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EUA e Reino Unido apreendem navios com combustível para o Iémen

A Yemen Petroleum Company afirma que barcos de guerra britânicos e norte-americanos estão a impedir navios carregados com derivados de petróleo de atracar no Porto de Hudaydah.

Navio atracado no porto iemenita de Hudaydah (imagem de arquivo) 
Créditos / PressTV

Assam al-Adrai, director executivo da Yemen Petroleum Company (YPC), afirmou esta quinta-feira que navios carregados com petróleo e derivados que se dirigem para o Iémen são impedidos de atracar no porto estratégico de Hudaydah por barcos de guerra britânicos e norte-americanos, que os desviam para portos sauditas.

E isto acontece, sublinhou, apesar de os petroleiros terem obtido as autorizações necessárias por parte do Mecanismo de Inspecção e Verificação das Nações Unidas para o Iémen (UNVIM, na sigla em inglês), refere a PressTV.

Numa conferência de imprensa que deu na capital, Saná, o responsável da YPC acusou EUA e Reino Unido de estarem a exercer pressão política sobre o Governo de Salvação Nacional para «ganharem vantagens e registarem ganhos militares».

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Aumentam os bombardeamentos sauditas contra civis no Iémen

Os ataques sauditas contra o Iémen intensificam-se e o registo de vítimas civis é o maior dos últimos anos, apesar de Joe Biden ter prometido que ia acabar com esta guerra.

Casa destruída pelos bombardeamentos sauditas desta madrugada 
Casa destruída pelos bombardeamentos sauditas em Saná Créditos / Al Jazeera

O presidente norte-americano afirmou repetidamente que iria pôr fim à guerra no Iémen, que está na origem da maior crise humanitária do planeta nos tempos modernos, segundo as Nações Unidas.

No entanto, lembra o jornalista Ben Norton no portal multipolarista.com, os bombardeamentos sauditas contra o mais pobre dos países árabes, apoiados pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, atingiram o nível mais alto em vários anos – e com «a supervisão da administração de Biden».

Quem está a pagar o preço são os civis iemenitas, com um morto ou ferido a cada hora, segundo referiu a organização Save the Children no passado dia 11.

Janeiro de 2022 foi o mês mais mortífero no Iémen desde 2018. Entre 6 de Janeiro de 2 de Fevereiro, foram mortos mais de 200 adultos e 15 crianças. Outros 354 adultos e 30 crianças ficaram feridas, referiu a organização humanitária, que teme que o número real de vítimas seja bastante maior.

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Com grande preocupação humanitária, EUA decretam novas sanções contra o Iémen

Os EUA, de longe o país que mais lucrou com a chacina no Iémen e que é acusado de fazer uma guerra por procuração no terreno, impuseram novas sanções contra o país árabe.

Créditos / MintPress News

Na rede social Twitter, Mohammed Ali al-Houthi, membro do Conselho Político Supremo do Iémen, reagiu às sanções decretadas quinta-feira passada pelo Departamento norte-americano do Tesouro afirmando que «a América dá prioridade à opção da guerra no Iémen e ao mesmo tempo finge que apoia a paz». «A imposição de sanções com o pretexto de assegurar a paz representa um obstáculo para a última», disse.

Al-Houthi destacou que as medidas punitivas contra o sector privado iemenita, as impostas ao banco central do país, os bombardeamentos a fábricas e outras infra-estruturas produtivas, o bloqueio que conduz o povo à fome e o fim do pagamento dos salários aos funcionários públicos são crimes, que se enquadram no esquema sistemático para sufocar a economia iemenita, refere a PressTV.

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Autocarro escolar no Iémen foi atacado com bombas norte-americanas

Fragmentos de bombas MK-82, de fabrico norte-americano, são visíveis nas imagens que um jornalista divulgou do local onde um autocarro cheio de crianças foi atacado pelos sauditas, no Iémen.

Destroços de um edifício bombardeado pelos sauditas na capital do Iémen, Saná, em Outubro de 2016. Estima-se que 140 pessoas tenham morrido e perto de 600 tenham ficado feridas
Destroços de um edifício bombardeado pelos sauditas na capital do Iémen, Saná, em Outubro de 2016. Também aqui foram encontrados fragmentos da bomba MK-82, de fabrico norte-americanoCréditos / The Independent

Caças da coligação liderada pelos sauditas atingiram, no passado dia 9, um autocarro escolar na zona de Dahyan, na província iemenita de Sa'ada, provocando mais de 50 vítimas mortais – 40 das quais terão sido crianças, de acordo com as autoridades Hutis – e cerca de 80 feridos.

Segundo a informação divulgada no sábado por Nasser Arrabyee, um jornalista local, a coligação comandada pelos sauditas terá usado munições de fabrico norte-americano.

«Restos das bombas dos EUA que mataram as crianças iemenitas no mais recente massacre e crime de guerra saudita-norte-americano, de 9 de Agosto de 2018, em Sa'ada, Norte do Iémen», escreveu Nasser Arrabyee no Twitter [pic.twitter.com/z8bvadwncG – @narrabyee] a acompanhar as fotos dos fragmentos das bombas MK-82 que alegadamente foram retirados do local do bombardeamento contra o autocarro escolar.

Na peça em que chama a atenção para o tweet e a informação nele contida, esta segunda-feira, a RT sublinha que as imagens ainda carecem de verificação independente, mas lembra que não é a primeira vez que fragmentos de bombas Raytheon Mark 82 são encontrados em locais onde a coligação liderada pelos sauditas levou a cabo massacres contra a população civil no Iémen desde o início da campanha militar, em Março 2015.

A MK-82, bomba de 227 quilos e fabricada pela empresa norte-americana General Dynamics, foi também usada quando os caças sauditas atacaram, em Outubro de 2016, um funeral na capital do país, Saná. Então, 140 pessoas foram mortas e mais de 500 ficaram feridas.

Pentágono diz que é impossível seguir o rasto da bomba

O fluxo armementístico de Washington para Riade é enorme, mas a Arábia Saudita não é destino único da MK-82, como deixou claro, na semana passada, um porta-voz do Pentágono. De acordo com o major Josh Jacques, poderá ser impossível saber de onde veio a bomba que foi usada no ataque contra o autocarro escolar no dia 9 de Agosto.

Isto porque, segundo refere a RT, em 2016 os EUA aprovaram a venda dessa bomba à Arábia Saudita, aos Emirados Árabes Unidos, à França e ao Iraque, e prolongaram os contratos de venda já existentes com a Austrália e o Bahrain. Portanto, na lógica do Pentágono, pode nunca vir a saber-se se a munição usada em Sa'ada «foi uma das que nós lhes vendemos a eles» (os sauditas, entenda-se).

Negócio de muitos milhões

Recorde-se que a Arábia Saudita é um dos principais destinos do armamento fabricado nos países ocidentais e, de modo sintomático, foi o primeiro país que Donald Trump visitou depois de tomar posse, em Janeiro do ano passado.

Nessa visita, foi anunciado que Washington poderia vender a Riade equipamento militar no valor de 110 mil milhões de dólares num período de dez anos. Então, o Departamento de Estado afirmou que o acordo poderia chegar aos 350 mil milhões de dólares.

De acordo com um estudo divulgado em Março último, os EUA venderam, no ano passado, armas à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos no valor de 650 mil milhões de dólares.

Em Abril, a administração norte-americana deu luz verde ao negócio, no valor de 1,3 mil milhões de dólares, de venda de artilharia aos sauditas, apesar dos relatórios que evidenciam que esse armamento contribui para o massacre de civis e das críticas crescentes de organismo internacionais.

Um estudo do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), de Março deste ano, revela que os EUA foram, no período compreendido entre 2013 de 2017, o principal exportador de armas a nível mundial: as suas exportações representaram 34% de todos os negócios registados pelo organismo referido.

O mesmo estudo revela que, nos últimos cinco anos, os EUA aumentaram a venda de armamento em 25%, sendo o Médio Oriente o destino de quase metade desse armamento.

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Na quinta-feira passada, dia 10, o Departamento do Tesouro dos EUA impôs novas sanções ao país árabe, desta vez centradas numa rede que é acusada de financiar o movimento de resistência popular Huti Ansarullah – que está no cerne do governo que administra o país a partir da capital, Saná, e lidera a resistência à agressão externa que lhe é imposta desde Março de 2015.

«Esta rede gera dezenas de milhões de dólares em receitas da venda de commodities, como o petróleo iraniano, uma parte significativa da qual é depois direccionada através de uma complexa rede de intermediários e casas de câmbio em vários países para os Hutis», afirmou o Departamento do Tesouro em comunicado.

Entre os alvos directos destas novas sanções contam-se dois iemenitas, dois sírios, um emiradense, um somali e um indiano, além de entidades com sede no Dubai, Istambul e Saná, informa a PressTV.

A memória curta do Tesouro

«O apoio financeiro desta rede permite os ataques deploráveis dos Hutis, que ameaçam infra-estruturas civis e críticas no Iémen e na Arábia Saudita. Estes ataques minam os esforços para acabar o conflito e, o que é mais trágico, deixam dezenas de milhões de civis inocentes a morrer à fome», refere ainda o comunicado.

O texto do Tesouro – tão preocupado com a fome dos iemenitas e com os ataques que ameaçam infra-estruturas civis – não faz menção ao papel dos EUA na guerra de agressão ao Iémen, ao apoio que foi prestado pelos norte-americanos desde o início à coligação liderada pelos sauditas, aos milhares de milhões de dólares que os EUA lucraram com a venda de armamento aos sauditas – algum do qual, como se veio a provar, foi utilizado para massacrar a população civil do Iémen.

Os milhares de mortos, a fome, a cólera, a maior crise humanitária dos tempos modernos, como a classifica a ONU, não existiriam no Iémen sem Washington – agente primeiro na guerra, tal como o Reino Unido, e outras potências ocidentais (França e Alemanha) e regionais (Israel, Emirados Árabes Unidos, Egipto), em maior ou menor escala.

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No próximo mês, passam sete anos desde o início da guerra de agressão contra o Iémen. Em Março de 2015, a Arábia Saudita, com o apoio dos EUA, do Reino Unido e de outras potências ocidentais e regionais, lançou uma campanha militar o vizinho do sul, tendo como objectivo declarado suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade, sem sucesso.

Ao longo da campanha eleitoral, em 2020, Joe Biden prometeu que poria fim a este conflito – uma intenção que reafirmou no ano seguinte, dizendo, já enquanto presidente, que estava a acabar com o apoio dos EUA às operações «ofensivas» sauditas no Iémen, lembra Norton.

A agressão militar saudita, que provocou milhares de mortos, feridos e deslocados, e destruiu as infra-estruturas do mais pobre dos países árabes não poderia ter sido levada a cabo sem o apoio político, militar e logístico norte-americano e britânico.

Além disso, os EUA destacaram-se como um dos grandes fornecedores de armamento à monarquia saudita, tendo lucrado milhares de milhões de dólares com esta guerra – ao lado do Reino Unido e de uma lista mais longa, que inclui a Alemanha, a França e outros.

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Venda de armas aos sauditas é sinal «preocupante» do arrastar da guerra no Iémen

O Departamento de Estado dos EUA aprovou o primeiro grande negócio de venda de armas aos sauditas na administração de Biden, algo que pode revelar a intenção de Riade de prolongar a agressão ao Iémen.

Edifícios destruídos e danificados após um bombardeamento saudita no Iémen; a agressão da coligação liderada pelos sauditas começou em Março de 2015 
Créditos / PressTV

Num comunicado emitido quinta-feira passada, o Pentágono deu conta da aprovação, pelo Departamento de Estado norte-americano, da venda de 280 mísseis ar-ar à Arábia Saudita, no valor de 650 milhões de dólares, para que Riade pudesse fazer frente a ameaças actuais e futuras.

Para o académico norte-americano Richard Falk, especialista em direito internacional e relações internacionais, o primeiro grande negócio de vendas de armas da era Biden aos sauditas, «os chamados mísseis defensivos ar-ar», constitui «um sinal preocupante das intenções sauditas de prosseguimento das suas políticas cruéis de devastação do Iémen».

Numa entrevista à PressTV, Falk, que foi professor na Universidade de Princeton durante mais de três décadas, afirmou que «a posse de uma defesa anti-mísseis mais segura permite aos sauditas continuarem a sua intervenção armada no Iémen, e possivelmente noutros locais, com menor temor de ataques de retaliação».

Richard Falk destacou as «relações especiais» entre Washington e Riade, afirmando que os EUA procuram defender os interesses sauditas e desviar as críticas que são dirigidas a Riade nas Nações Unidas.

EUA usam a sua influência para proteger a Arábia Saudita

«Os Estados Unidos estão a usar a sua influência geopolítica para proteger a Arábia Saudita da crítica na ONU e noutros lugares, gozando novamente com os compromissos colectivos de segurança e com a proibição incondicional da Carta das Nações Unidas do uso de força não defensiva. Estas relações especiais deixam claro que as relações internacionais continuam a ser moldadas pela primazia da geopolítica e não pelas normas internacionais», disse o académico.

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EUA são o maior exportador de armas e a Arábia Saudita o maior importador

Um relatório recente revelou que os EUA foram responsáveis por mais de um terço da venda de armamento a nível mundial nos últimos cinco anos, enquanto os sauditas foram os que mais importaram.

Donald Trump, president dos EUA, num encontro na Casa Branca com Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, em Washington, Março de 2018
Créditos / CGTN

As exportações de armas que tiveram como origem os EUA, entre 2016 e 2020, representaram 37% de todos os negócios registados pelo Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês).

Metade das exportações norte-americanas de armamento teve como destino o Médio Oriente, e a Arábia Saudita foi de longe o principal parceiro de negócio no período referido, representando quase um quarto de todas as vendas dos EUA (24%).

O instituto sediado em Estocolmo afirma que, entre 2016 e 2020, as exportações de armas dos EUA aumentaram 15% em comparação com o período 2011-2015.

A Rússia foi o segundo maior exportador de armas a nível global, representando um quinto do total de exportações registadas (com menos 22% de vendas que no período 2011-2015).

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Empresas francesas continuam a treinar tropas sauditas para matar no Iémen

Várias empresas francesas especializadas em treino militar participam na formação de oficiais sauditas e nunca deixaram de o fazer desde o início da guerra de agressão ao Iémen, revela uma reportagem.

Quartel da Polícia destruído após o bombardeamento da aviação saudita
A guerra de agressão ao Iémen tem dado lucros de milhares de milhões às empresas de armamento Créditos / mintpressnews.com

A notícia foi divulgada esta segunda-feira no portal da cadeia iemenita al-Masirah, que cita uma reportagem realizada conjuntamente pelos órgãos Lighthouse Reports, Arte e Mediapart, em parceria com o EUobserver.

De acordo com a investigação, o DCI Groupe, detido maioritariamente pelo Estado francês, está a dar treino de artilharia a membros da Guarda Nacional da Arábia Saudita numa escola militar em Draguignan, no Sudeste de França.

As mesmas fontes revelam que a multinacional francesa Thales Group e a filial francesa da RUAG, com sede na Suíça, estão envolvidas no treino de tropas sauditas, facultando-lhes o equipamento de simulação necessário à operação do sistema de artilharia Caesar, desenvolvido pela França, e que pode atingir quase meio milhão de iemenitas.

A al-Masirah refere ainda uma reportagem do meio de comunicação Disclose, de acordo com a qual um cargueiro deverá carregar munições para o sistema Caesar. O mesmo órgão revelou que a França irá entregar mais de cem caesars à Arábia Saudita até 2023.

Este sistema de artilharia é produzido pela Nexter Systems, uma empresa estatal francesa de fabrico de armamento. No final de 2018, 48 destes sistemas móveis estavam posicionados na fronteira da Arábia Saudita com o Iémen.

A reportagem refere que um documento interno filtrado pela agência militar francesa de inteligência – DRM – já então alertava para os riscos que os Caesars representavam para a população civil no Iémen. «A população abrangida por potencial fogo de artilharia: 436 370 pessoas», referiu o documento, datado de 25 de Setembro de 2018.

O mesmo documento dizia que os Caesars também desempenham um papel no apoio às «tropas lealistas e Forças Armadas sauditas no seu avanço em território iemenita».

Se não fosse o negócio das armas...

No ano seguinte, o fogo da artilharia das forças da coligação liderada pelos sauditas atingiu um mercado iemenita perto da fronteira, provocando a morte a 89 civis. Em Setembro, o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, debruçando-se sobre o Iémen, sublinhou que a venda de armamento apenas serve para perpetuar o conflito.


«Se não fosse o negócio das armas, a guerra não se prolongaria como está a acontecer, a guerra não continuaria a destruir o povo do Iémen como o tem feito», disse Ardi Imseis, um dos autores da reportagem.

A comunicação social britânica já tinha revelado informações semelhantes sobre a ampla participação de empresas do Reino Unido na monitorização dos ataques aéreos e na preparação de aviões, armas e munições da coligação invasora, refere a al-Masirah, notando que o mesmo é válido para os EUA, cujo envolvimento se tornou público e documentado.

Para a cadeia iemenita, esta reportagem vem confirmar que a «coligação» liderada pelos sauditas foi desde o início uma fachada para as potências ocidentais, que dirigem as operações que atingem o Iémen.

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A França, com 8% das vendas, é o terceiro maior exportador. Seguem-se a Alemanha (5,5%) e a China (5,2%), para fechar a lista dos cinco países que mais armas venderam entre 2016 e 2020. Na parte inferior do «top dez» situam-se Reino Unido, Espanha, Israel, Coreia do Sul e Itália.

O SIPRI nota que, por comparação com 2011-2015, os últimos cinco anos registaram um pequeno decréscimo no volume de vendas de armamento (menos 0,5%), pondo fim a mais de uma década de aumentos sucessivos.

Foi a primeira vez desde o período 2001-2005 que o volume de trocas de armas entre países – um indicador da procura – não registou um aumento por comparação com o período anterior de cinco anos.

Arábia Saudita, o maior importador

Os países do Médio Oriente registaram o maior aumento de importações de armas a nível mundial entre 2016 e 2020, importando mais 25% que nos cinco anos anteriores. Arábia Saudita (61%), Egipto (136%) e Catar (361%) registam os maiores aumentos.

Quatro dos dez maiores importadores de armas são desta região, que representa 33% das importações a nível global: aos três países referidos juntam-se os Emirados Árabes Unidos. Só a Arábia Saudita representa 11% de todo o volume de armas importadas mundialmente nestes cinco anos.

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Sauditas usaram mais de 3000 bombas de fragmentação no Iémen

A coligação liderada pelos sauditas recorreu a bombas de fragmentação de fabrico diverso ao longo da guerra de agressão contra o Iémen, desde 2015, provocando centenas de vítimas civis.

Crianças numa zona bombardeada no Iémen
Créditos / Sputnik News

«As informações e os dados que temos mostram que foram utilizados oito tipos de bombas de fragmentação, de fabrico norte-americano, britânico e brasileiro, durante a guerra no Iémen», revelou Ali Sofra, director-geral do Centro Executivo de Desminagem do Iémen, informaram este domingo os canais de notícias al-Maloumeh e al-Masirah.

O responsável precisou que a Arábia Saudita e os seus aliados lançaram 3179 bombas de fragmentação no Iémen desde o início da campanha de agressão, em Março de 2015, e que as vítimas civis, na sua maioria mulheres e crianças, são mais de mil. Muitas delas perderam a vida quando se encontravam em campos agrícolas e áreas de pasto.

«A monarquia árabe utilizou esse armamento, cujos efeitos são intrinsecamente indiscriminados, nos ataques aéreos que levou a cabo nas províncias de Saada, Saná, Hajjah, Hudayda, Jawf, Amran, Taizz, Dhamar e Mahwit», disse ainda Sofra, citado pela HispanTV.

Em Junho do ano passado, o Ministério iemenita dos Direitos Humanos alertou para os riscos que este tipo de armamento colocava à população civil, uma vez que é pouco preciso, abrange extensas áreas e constitui um perigo mortal para os civis mesmo depois de terminado o conflito. O Ministério acusou então a coligação liderada pela Arábia saudita de ter usado milhares de bombas de fragmentação em áreas residenciais, provocando inúmeras vítimas mortais.


A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a utilização destas munições no Iémen, considerando que se trata de «um crime de guerra». Em 2010 entrou em vigor a Convenção contra as Bombas de Fragmentação, que havia sido assinada dois anos antes por mais de uma centena de países.

Num tweet publicado esta segunda-feira, Ali Sofra criticou as organizações internacionais e de direitos humanos por evitarem falar sobre a existência de ataques aéreos e a utilização de bombas de fragmentação no Iémen. «Quaisquer vítimas de bombas de fragmentação no Iémen não são referidas nos seus relatórios anuais humanitários e de direitos humanos», escreveu, citado pela PressTV.

EUA «congelam» venda e Itália deixa de vender armamento aos sauditas

Joe Biden, o presidente recentemente empossado dos EUA, um dos grandes fornecedores de armamento à coligação liderada pelos sauditas e um dos principais envolvidos no Ocidente, juntamente com o Reino Unido, na guerra de agressão ao Iémen, anunciou na quarta-feira da semana passada o congelamento da venda de armas à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos, cujo volume de negócio tinha incrementado fortemente sob os auspícios de Donald Trump.

Na sexta-feira, a Itália – um de vários países ocidentais envolvidos na venda de armas à Arábia Saudita e que muito lucram com a guerra de agressão ao Iémen – anunciou o fim da exportação de armamento à Arábia Saudita e e aos Emirados Árabes Unidos.

Luigi Di Maio afirmou que se tratava de um «acto necessário», de uma «clara mensagem de paz do nosso país» e que, para a Itália, o «respeito pelos direitos humanos é um compromisso inquebrável». Se for para valer, mais vale tarde que nunca. A guerra e o martírio do povo iemenita começaram há seis anos.

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Os EUA foram responsáveis por mais de metade das armas exportadas para a região (52%), seguindo-se a Rússia (13%) e a França (12%).

A região do mundo que mais armas importou foi a Ásia e Oceânia (42%). Índia, Austrália, China, Coreia do Sul e Paquistão foram os países que mais armas importaram na região.

O SIPRI afirma que é cedo para dizer se uma recessão associada à pandemia de Covid-19 pode fazer abrandar os negócios de armas. «O impacto económico da Covid-19 podia levar alguns países a diminuir as importações de armas nos próximos anos. No entanto, ao mesmo tempo, mesmo no auge da pandemia, em 2020, vários países assinaram grandes contratos de armamento», releva o SIPRI.

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Questionado sobre se este negócio «é consistente com a promessa do governo dos EUA de liderar a diplomacia com vista a pôr fim ao conflito no Iémen», Falk respondeu que não, rejeitando a declaração como uma alegação «falsa».

«Esta é uma afirmação claramente falsa», acusou, acrescentando que os mísseis ar-ar protegem o espaço político nacional saudita, dando ao reino a liberdade de fazer a guerra fora de seu território com expectativas substancialmente reduzidas de ver o seu país atacado. «Por outras palavras, o objectivo do armamento defensivo é muitas vezes isolar a guerra ofensiva da retaliação e, dado o historial saudita, esse parece ser o caso», frisou Richard Falk.

Não há «incentivo para a via diplomática»

«Tal militarismo parece fazer aumentar a capacidade de combate da Arábia Saudita e não apresenta nenhum incentivo para acabar com o conflito no Iémen pela via diplomática. Se a intenção fosse uma mudança no sentido da diplomacia, poderia ter sido sinalizada oferecendo às forças opositoras iemenitas capacidades militares equivalentes ou condicionando a venda dos mísseis a um esforço de boa-fé para resolver o conflito através de negociações. Não houve nenhum esforço tangível ou credível nessa direcção», acrescentou.

O académico norte-americano criticou a incapacidade da ONU para pôr fim ao conflito no Iémen, afirmando que «estamos a assistir a mais um caso em que a ONU e a segurança internacional são incapazes face aos alinhamentos geopolíticos que se dedicam a encontrar soluções militares para conflitos políticos».

«Nesta perspectiva, não há um ponto final à vista para o conflito e o sofrimento humano no Iémen, e é provável que não surja nenhum, a não ser que a Arábia Saudita se sinta ameaçada por outras fontes ou enfrente pressões internas significativas. A morte dos iemenitas, infelizmente, não faz parte dos cálculos políticos realizados pelos cínicos criadores dos objectivos da política externa de Riade», sublinhou.

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Quebrando a promessa de pôr fim à guerra, a administração de Biden não só não está a pressionar a Arábia Saudita nesse sentido, como continuou a vender tecnologia militar à monarquia do Golfo e, segundo refere o portal multipolarista.com, pondera inclusive voltar a classificar a resistência Huti Ansarullah como «terrorista», tal como o fez o seu antecessor, Donald Trump.

Entretanto, o Conselho Norueguês de Refugiados alertou que o número de civis mortos ou feridos no Iémen quase duplicou desde que o Conselho de Direitos Humanos da ONU votou a favor de acabar com o mandato dos especialistas que analisavam crimes de guerra no Iémen, em Outubre último.

«Nos quatro meses anteriores ao fim da monitorização dos direitos humanos, 823 civis foram feridos ou mortos na guerra. Nos quatro meses que se seguiram, foram 1535 civis», informou o conselho.

Neste período, houve 39 vezes mais vítimas civis provocadas pelos ataques aéreos sauditas.

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Al-Adrai disse que os EUA subiram a fasquia ao longo do ano passado, tendo sido libertados apenas 5% dos navios carregados com petróleo que se dirigiam para o Iémen, e acrescentou: «Obter combustível através dos portos ocupados custa cerca de 50% mais do aquele que é importado pelo porto de Hudaydah.»

O bloqueio petrolífero imposto ao Iémen pelos sauditas e apoiado pelos EUA custou ao país cerca de seis milhões de dólares no ano passado, disse o director da YPC, explicando que a população teve de adquirir combustível em postos controlados por mercenários sauditas.

No início deste mês, em declarações ao canal iemenita em língua árabe al-Masirah, Essam al-Mutawakel, porta-voz da YPC, destacou que o mais pobre dos países árabes está a viver a pior crise de produtos petrolíferos desde o início da guerra de agressão liderada pelos sauditas, há sete anos.

As filas de carros à espera para se abastecerem «alargam-se por mais de três quilómetros em frente às bombas de gasolina em várias províncias» do país, disse al-Mutawakel, citado pela PressTV.

A crise podia ser resolvida se os petroleiros não fossem impedidos de descarregar no Porto de Hudaydah, disse, questionando as vantagens que esses navios têm em obter as licenças devidas, uma vez que, depois, são alvo de actos de pirataria em águas internacionais.

Imagem da manifestação em Saada contra o bloqueio imposto ao Iémen e a apreensão de navios que se dirigem para o país, a 7 de Março de 2022 / PressTV 

Enormes manifestações contra o bloqueio

Denunciando o bloqueio que é imposto ao país pela coligação liderada pelos sauditas, a apreensão de navios com produtos muito necessários à sobrevivência as populações e acusando os Estados Unidos de serem os principais responsáveis pela guerra agressão que o povo iemenita enfrenta há sete anos, centenas de milhares de pessoas manifestaram-se em várias cidades do país no passado dia 7.

Os protestos ocorreram em cidades como Saná, Saada, Hajjah, Taizz e al-Jawf, indica PressTV, referindo que, nas alocuções proferidas, foi destacada a grave crise humanitária que o país atravessa, bem como a resistência ao roubo dos recursos naturais iemenitas e a quaisquer tentativas de «subjugação e humilhação».

Também em destaque esteve a crítica ao «silêncio» das Nações Unidas perante os «crimes» perpetrados pelos sauditas, bem como da comunidade internacional em geral face ao «crime de guerra» que constitui o «encerramento do Porto de Hudaydah».

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