É a primeira vez, desde 1958, que uma manifestação organizada por forças sindicais é proibida em França. A proibição tem lugar depois de a frente sindical, integrada por sete organizações, ter recusado uma proposta das autoridades em que se pretendia substituir a manifestação por uma concentração.
Os sindicatos avançaram com percursos alternativos, mas estes foram recusados pela Polícia, que fez uma declaração de impotência ao assumir que a «segurança de pessoas e bens» não estava garantida. Num comunicado, a Prefeitura de Paris referiu que só lhe restava «interditar a manifestação».
Dirigentes sindicais, nomeadamente da Confederação Geral do Trabalho e Force Ouvrière, criticaram fortemente o Ministério do Interior por ter aceitado de imediato a decisão da Prefeitura, e solicitaram uma reunião urgente ao ministro da tutela, Bernard Cazeneuve. Para os sindicatos, está em causa um direito fundamental.
Esta interdição segue-se à intensa campanha contra os opositores à reforma do trabalho, incluindo os sindicatos, que se seguiu à manifestação de 14 de Junho, em que se registaram incidentes. O presidente, Hollande, e o primeiro-ministro, Manuel Valls, não perderam o ensejo e proferiram declarações que deixavam no ar a possibilidade da proibição das manifestações.
Forte contestação
A oposição ao projecto de reforma laboral tem sido alvo de forte contestação sindical e social. Desde Março, sucedem-se as manifestações e as greves em diversos sectores de actividade, e a insistência em levar por diante o projecto tem conduzido a divisões no seio do Partido Socialista e no Parlamento.
A interdição da manifestação agendada para esta quinta-feira já foi considerada um «erro histórico» no seio dos socialistas e vem dar razão aos que acusam Manuel Valls de «intransigência», «fechamento» e «autoritarismo».
Após o anúncio da interdição, foi lançada uma petição intitulada «Eu não vou respeitar a proibição de me manifestar», assinada, em poucas horas, por mais de 100 mil pessoas. Os sindicatos afirmam não desistir e têm nova mobilização marcada para dia 28 em Paris.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui