Jorge Mario Bergoglio nasceu numa família de emigrantes piemonteses que partira de Itália para a Argentina, no final dos anos 20, por razões económicas mas também para escapar ao regime fascista, que então se consolidava.
Exerceu a profissão de técnico químico no laboratório de análises de controlo da higiene de produtos alimentares de Esther Ballestrino, bioquímica e activista social paraguaia exilada na Argentina que, 20 anos mais tarde, durante a ditadura fascista de Videla, foi uma das fundadoras das Mães da Praça de Maio e por isso sequestrada, torturada e executada em 1977 pelos militares golpistas.
En 1957, entrou para o sacerdócio e ingressou num seminário jesuíta. Em 1992 é ordenado bispo e em 1997 é designado arcebispo de Buenos Aires. Após a histórica resignação do papa Bento XVI, num conclave realizado em Fevereiro de 2013, o cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa, tendo escolhido o nome de Francisco em homenagem ao pregador e místico medieval Francisco de Assis.
O Papa Francisco, como popularmente ficou conhecido, criticou a desigualdade social e o aumento de pobreza no mundo, defendeu o diálogo interreligioso e a protecção ambiental face ao agravamento das condições climáticas. Do ponto de vista diplomático, o pontífice defendeu uma diplomacia de paz e ofereceu os préstimos do Vaticano em alguns dos mais importantes conflitos do nosso tempo, como no conflito russo-ucraniano, no israelo-palestiniano (o Vaticano reconhece a independência da Palestina desde 2015), no reatamento de relações entre os EUA e Cuba, durante a presidência de Barack Obama, ou na contenção de um alargamento internacional da guerra na Síria, em 2014.
Para a História ficará a intervenção do Papa Francisco no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no dia 2 de Agosto 2023, durante a Jornada Mundial da Juventude que decorreu em Portugal. Na altura, Francisco, para além do acutilante repto que lançou à Europa, questionando o velho continente sobre a possibilidade de conseguir ou não «uma diplomacia da paz que extinga os conflitos e acalme as tensões», requereu respostas aos governantes de cada um dos países da União Europeia, nomeadamente, sobre as «vias inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos que ensanguentam o mundo». Questionando ainda a disponibilidade dos líderes europeus para a edificação de «uma Europa que inclua povos e pessoas, sem correr atrás de teorias e colonizações ideológicas» e sobre o saber se a União Europeia «tem por objectivo promover a paz, os seus valores e o bem-estar dos seus povos».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui