Patricia Bullrich, ministra da Segurança do executivo «libertário», montou um amplo dispositivo policial para limitar o protesto desta quarta-feira – que incluiu ameaças em registo áudio, nos altifalantes das estações de comboio («A Polícia vai reprimir todo o ataque à República»), pedidos de identificação e revistas a malas de passageiros, e o anúncio de uma «recompensa» monetária de monta para quem denunciasse telefonicamente «os violentos», na marcha de ontem e nas que se seguirem.
Também houve ruas bloqueadas e milhares de agentes nas ruas, no centro da cidade, mas a habitual mobilização dos reformados não só se realizou, como teve um mar de gente a engrossá-la.
Ao contrário da semana anterior, com centenas de feridos e de detidos em resultado das cargas brutais das «forças de segurança» sobre os manifestantes, incluindo idosos e jornalistas, a mobilização de ontem decorreu numa «calma tensa» e sem problemas de maior, refere o Tiempo Argentino.
«O povo começou a perder o medo»
O repúdio pela «violenta e sistemática repressão» da ministra Bullrich foi um dos elementos em destaque na manifestação desta quarta-feira, na qual reformados e demais manifestantes reclamaram pensões de reforma dignas, denunciaram as políticas de miséria levadas a cabo pelo governo de Javier Milei e repudiaram o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), por considerarem que hipoteca a vida das gerações futuras e vai aprofundar a situação de «devastação económica».
No decorrer da manifestação, Rodolfo Aguiar, secretário-geral da Associação Trabalhadores do Estado (ATE), destacou a «dramática situação que os reformados vivem», mas frisando que «o povo começou a perder o medo porque sabe que não há violência maior que a dos reformados a morrer de fome e doentes».
Sobre o decreto aprovado no Congresso com vista ao acordo com o FMI, considerou que «será muito prejudicial para todos os argentinos».
«Estão-nos a hipotecar o futuro, o nosso e o das futuras gerações», disse.
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