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Argentina: bastonadas para reformados e funcionários públicos

Bastonadas, balas de borracha, gás lacrimogéneo. Depois dos reformados, na quarta-feira, foi a vez dos trabalhadores do Estado, que esta quinta-feira denunciaram despedimentos e «políticas de fome».

Daniel Catalano, da ATE Capital, foi um dos atingidos no protesto de quinta-feira Créditos / PL

O executivo de Javier Milei continua a responder aos trabalhadores com a violência de polícias e «prefeitos» (da Prefeitura Naval Argentina) nas ruas de Buenos Aires. Daniel Catalano, secretário-geral da Associação Trabalhadores do Estado em Buenos Aires (ATE Capital) declarou à imprensa que foi uma «barbaridade o que fizeram».

Atingido com balas de borracha e afectado pelo gás lacrimogéneo, Catalano disse que «foram tentar realizar a iniciativa anunciada» e que os membros da Prefeitura Naval responderam com disparos directamente para o corpo. «Foi bárbaro o que fizeram», denunciou.

Os trabalhadores filiados na ATE mobilizaram-se frente ao Ministério do Capital Humano para protestar contra os 2800 despedimentos ali previstos no final deste mês, contra o encerramento da Secretaria Nacional da Infância, Adolescência e Família, e denunciar aquilo que qualificam como «extermínio do antigo Ministério do Desenvolvimento Social», levado a cabo pela ministra Pettovello, em conjunto com o ministro da Desregulação e Transformação do Estado, Federico Sturzenegger.

Foram anunciados perto de 3000 despedimentos pelo Ministério do Capital Humano / Tiempo Argentino

Em declarações recolhidas pelo Tiempo Argentino, o dirigente sindical destacou que, com o anúncio dos despedimentos, os trabalhadores «estão desesperados porque têm de alimentar os seus filhos». «Assim é a crueldade deste governo», apontou, acrescentando que diversas áreas vão ficar «devastadas».

Também a organização sindical, no seu portal, alertou que o governo de Milei vai continuar a desmantelar os programas e as políticas sociais destinadas às camadas mais vulneráveis, sublinhando que os cerca de 3000 despedimentos previstos «se vão traduzir numa imediata perda de direitos para uma enorme faixa da sociedade».

Contra os reformados na véspera

Tal como em Agosto último, quando reformados e pensionistas levaram com gás pimenta e bastonadas, num protesto em que acusaram o governo de Milei de «desfinanciar o sistema de pensões», esta quarta-feira, reformados, pensionistas e trabalhadores no activo foram alvo de violenta repressão.

Segundo refere o Tiempo Argentino, os reformados protestavam frente ao Congresso contra as «pensões de miséria» que recebem, a corrupção e o desfinanciamento do sector.

Na quarta-feira, reformados e pensionistas argentinos voltaram a reclamar reformas dignas e voltaram a ser alvo de repressão / Resumen Latinoamericano

Neste contexto, agentes da Polícia Federal e da Prefeitura Naval carregaram com «extrema violência» sobre quem reclamava respeito pelos direitos a uma pensão justa, recorrendo a bastões, escudos, canhões de água, gás lacrimogéneo e gás pimenta. Dezenas de pessoas, na sua maioria idosas, ficaram feridas.

De acordo com a fonte, a repressão ocorre no contexto de uma «nova bateria de ataques» contra os pensionistas por parte do executivo de Milei, nomeadamente ao utilizar «verbas do sistema de segurança social para intervir no mercado cambial».

«Não aguentamos mais», disse à imprensa uma manifestante, que acusou o governo de «nos tirar o nosso dinheiro» e recordou a «fraude das criptomoedas, enquanto nós morremos de fome».

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