Rajoy é novamente primeiro-ministro em Espanha

Milhares protestaram em Madrid contra a investidura de Rajoy

Mariano Rajoy (PP) foi reconduzido, este sábado, no cargo de primeiro-ministro de Espanha, com a anuência do PSOE, maior partido da oposição. Nas ruas de Madrid, mais de 100 mil pessoas protestaram contra um governo que consideram «ilegítimo».

Mais de 100 mil pessoas manifestaram-se, este sábado, contra a abstenção do PSOE na investidura de Rajoy
CréditosResumen Latinoamericano

No Congresso, o chefe do governo de gestão obteve o apoio de 170 deputados: os do Partido Popular, do Cidadãos e da Coligação Canária. Votaram contra 111 deputados: os da coligação Unidos Podemos, os de todos os partidos regionais, nacionalistas e independentistas, e ainda 15 deputados do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) que decidiram não acatar a disciplina de voto do seu grupo.

O grosso dos deputados do PSOE (68) votou tal como se esperava: absteve-se, viabilizando assim a investidura de Rajoy como primeiro-ministro espanhol. Os membros do novo executivo de direita, que vai governar apoiado por uma minoria parlamentar, devem ser revelados na próxima quinta-feira.

Na primeira votação de investidura, realizada na última quinta-feira, a candidatura de Rajoy foi chumbada, tendo obtido 170 votos a favor e 180 contra (incluindo o PSOE, embora este partido já tivesse anunciado que se ia abster na votação de ontem).

Apesar de ser o partido mais votado, o PP não conseguiu alcançar maioria absoluta tanto nas eleições realizadas a 20 de Dezembro de 2015 como nas de 26 de Junho deste ano, em que aumentou a percentagem de votantes e o número de deputados. Em Setembro último, Rajoy falhou a investidura na primeira e na segunda votações, tendo apenas contado com o apoio do Cidadãos e da Coligação Canária.

Mais de 100 mil nas ruas de Madrid

Com o lema «Frente ao golpe da máfia, democracia», muitos milhares de pessoas participaram, ontem, na marcha convocada pela Coordenadora 25-S, herdeira do movimento 15-M ou dos indignados, em protesto contra o novo mandato do líder do PP como primeiro-ministro, considerando que o governo em gestação é «ilegítimo».

Não menos de 150 mil pessoas, segundo os organizadores – a Delegação do Governo espanhol disse à Efe que não eram mais de 6000 –, gritaram palavras de ordem como «Não à máfia golpista», «O PP engana, rouba e amordaça», «Não nos representam», e «PSOE-PP, a mesma merda é», entre outras alusivas à abstenção do PSOE, informa a Prensa Latina.

Não faltaram as críticas ao «convalescente bipartidismo espanhol», que agora «procura recompor-se, através desta grande coligação encoberta, para prosseguir com os ataques aos direitos sociais e novos cortes impostos em Bruxelas», afirmou a Coordenadora 25-S, acusando o PSOE de frustrar um governo alternativo ao de Rajoy.

«Agora que caíram as máscaras, é preciso vir para as ruas e deixar claro o repúdio “a um novo roubo” à soberania do povo, e reivindicar um processo constituinte que ponha fim ao sistema saído da “mal chamada Transição”», referiram os organizadores da mobilização, que contou com o apoio da coligação Unidos Podemos.

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